Hamas pede trégua de 5 anos e sugere libertação de todos os reféns

O grupo palestino Hamas pediu, neste sábado (26/4), uma trégua de cinco anos como parte de uma solução negociada no conflito contra Israel e diz estar pronto para libertar todos os reféns mantidos em Gaza, em acordo que ponha fim à guerra. Esta manhã, novos ataques israelenses no território palestino deixaram pelo menos 17 mortos, de acordo com os serviços de emergência.

Uma delegação do movimento islâmico palestino Hamas deve se reunir com mediadores egípcios no Cairo ainda neste sábado para buscar uma solução para a guerra que já dura 18 meses na Faixa de Gaza.

O Hamas “está pronto para uma troca de prisioneiros [reféns israelenses por prisioneiros palestinos] em uma única operação e para uma trégua de cinco anos”, disse um de seus responsáveis à AFP.

Em 17 de abril, o Hamas rejeitou uma proposta israelense que incluía uma trégua de 45 dias em troca da devolução de dez reféns mantidos vivos desde 7 de outubro.

O grupo exige um acordo “abrangente”, incluindo o fim dos ataques, a retirada completa das tropas israelenses, a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos e a entrada de ajuda humanitária em Gaza, reafirmou um de seus líderes, Taher al-Nounou, no sábado.

Israel, que não respondeu imediatamente ao apelo por uma longa trégua, exige o retorno de todos os reféns e o desarmamento do Hamas, que os militares prometeram destruir. O movimento palestino exclui a ideia de depor armas.

Ataques continuam

Segundo a Defesa Civil Palestina, pelo menos 17 pessoas foram mortas esta manhã na Faixa de Gaza, onde Israel retomou a sua ofensiva militar desde 18 de março, após uma trégua de dois meses, alegando querer forçar o Hamas a libertar os reféns.

Dez vítimas morreram no bombardeio de uma casa na Cidade de Gaza (norte), que também deixou muitas pessoas sob os escombros, segundo Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil em Gaza. Imagens da AFP no local mostraram palestinos tentando cortar a estrutura metálica do prédio com uma serra circular e removendo pelo menos um corpo dos escombros.

“Todos dormiam e, sem nenhum aviso, vimos a casa desabar sobre nós. Ouviram-se gritos, e aqueles que ainda conseguiam respirar pediram socorro, mas ninguém veio”, disse Umm Walid al-Khour, um membro da família. “A maioria das vítimas era crianças, que morreram asfixiadas pelo bombardeio”, acrescentou.

Os militares israelenses não comentaram o ataque até o momento.

Ajuda humanitária bloqueada

Desde 2 de março, Israel bloqueou toda a ajuda humanitária no território palestino, cujos 2,4 milhões de habitantes, a maioria dos quais foi deslocada pelo menos uma vez pelo conflito, estão agora expostos à fome e à grave escassez de serviços de saúde, de acordo com as Nações Unidas.

O chefe da agência da ONU para refugiados (UNRWA), Philippe Lazzarini, denunciou na sexta-feira (25) “uma fome causada pelo homem e motivada por razões políticas”.

Este bloqueio “deve acabar (…) vidas dependem dele”, alertou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro resultou na morte de 1.218 pessoas do lado israelense, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 58 ainda estão detidas em Gaza, 34 das quais estão mortas, de acordo com o exército israelense.

De acordo com dados divulgados neste sábado pelo Ministério da Saúde do Hamas, 2.111 palestinos foram mortos desde a retomada da ofensiva israelense em 18 de março, elevando o número de mortos em Gaza, desde o início da guerra, para 51.495.

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