O Procurador-Geral afastado do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, recebeu R$ 11,9 milhões de empresas relacionadas às entidades associativas investigadas por descontos irregulares na folha de pagamentos de aposentados e pensionista.
O detalhamento das transações está em documento da operação Sem Desconto, que mira descontos indevidos feitos por entidades cujo valor pode alcançar R$ 6,3 bilhões. Virgilio Filho foi afastado do cargo pela Justiça na quinta-feira (23/4), quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação que cumpriu mais de 200 mandados de buscas e apreensão. Depois, a Advocacia-Geral da União (AGU) determinou sua exoneração.
A PF afirma que os valores foram recebidos por pessoas físicas e jurídicas relacionadas a Virgílio.
Desse montante, cerca de R$ 7,5 milhões vieram de empresas ligadas a Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS” e apontado como lobista do esquema. Parte dos repasses foram efetuados por meio da esposa de Virgílio, Thaisa Hoffmann Jonasson.
“O Procurador-Geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho por meio de sua companheira, Thaisa Hoffmann Jonasson, recebeu R$ 7.547.000,00 de Antonio Carlos”, afirma a PF.
Virgílio faz parte da cúpula do INSS que foi derrubada por causa da investigação iniciada após reportagens do Metrópoles. Além dele, também foram afastados o presidente do INSS – demitido mais tarde no mesmo dia – e outros servidores do instituto.
Segundo a PF, Virgílio atuou “oficiosa e indevida em processos administrativos vinculados às entidades associativas, em especial o desbloqueio em lote para inclusão de descontos associativos a pedido da Contag”.
Além dos valores recebidos de empresas ligadas ao lobista e entidades suspeitas, a PF também cita um acréscimo patrimonial do procurador de R$6,3 milhões com a comercialização de imóveis no período que ocorriam os descontos irregulares de aposentados.
“Posto isso, Virgilio Filho teve um incremento patrimonial de R$18.330.145,18 advindo da “farra do INSS”, afirma a PF ao somar os valores recebidos e os luvros com os imóveis.

Operação Sem Desconto
A operação da PF investiga um prejuízo que pode chegar aos R$ 6,3 bilhões aos beneficiários do INSS que tiveram descontos irregulares nos últimos anos.
Ao menos 1o entidades tiveram seus acordos de Cooperação Técnica com o Instituto suspensos no âmbito da operação Sem Desconto.
Segundo a investigação, entidades que mantinham convênios com o INSS faziam as cobranças indevidas direto na folha de pagamento dos aposentados e pensionistas. O esquema de cobrança irregular foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens.
Parte das cobranças, no entanto, não eram autorizadas pelos pensionistas, que acionaram a Justiça após perceberem os débitos em suas aposentadorias.
A coluna entrou em contato com os citados na reportagem, mas não obteve retorno.