HÁ VINTE ANOS –O pouco resultado que faz correr atrás de juros menores

Levantar o traseiro da cadeira para buscar crédito mais barato, como sugere o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem pouco resultado prático além do gasto extra na sola do sapato.

Os bancos, no Brasil, competem pouco entre si e optam pela comodidade de emprestar ao próprio governo, a juros que não têm paralelo no mundo e são, em média, seis vezes superiores aos praticados nos demais países em desenvolvimento.

A avaliação é de uma pesquisadora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Agnès Belaisch. O estudo, intitulado “Do Brazilian banks compete?” (Os bancos brasileiros concorrem?, divulgado há dois anos e contestado com veemência pela Federação Brasileira dos Bancos, revela que as instituições financeiras nacionais emprestam proporcionalmente pouco devido às altas taxas pagas pelo governo para rolar a dívida pública. Agnès vai além: para ela, os bancos brasileiros atuam como um oligopólio e, assim, sustentam os juros nas alturas.

Os ativos dos bancos brasileiros equivaliam, na ocasião, a 77,1% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas geradas no país), nível praticamente idêntico ao verificado nos Estados Unidos – 77,3%. Os empréstimos a pessoas físicas e empresas, no entanto, somavam apenas 24,8% do PIB, contra 45,3% nos EUA. A diferença, de 41,2% do PIB, vai para o financiamento da dívida do setor público.

Para se ter uma ideia da disparidade, em outros países latino-americanos essa relação varia de 5% (México) a 16,7% (Chile).

 

(Publicado aqui em 29 de abril de 2005)

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