Pulmão de pipoca | Armadilha do vaping causa doença sem cura em jovens fumantes

Em abril deste ano, uma americana de 17 anos foi internada com bronquiolite obliterante após fumar vape escondida por três anos. A doença, também conhecida como pulmão de pipoca, é irreversível, causando tosse persistente, falta de ar, fadiga e chiado no peito — e pode ser causada por substâncias presentes nos cigarros eletrônicos, também chamados de vapes.

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O termo pulmão de pipoca vem do início dos anos 2000, quando trabalhadores de uma fábrica de pipoca de microondas foram expostos a um produto químico chamado diacetil, responsável por dar o sabor amanteigado. Ele é seguro quando ingerido, mas não quando inalado em forma de aerossol — e essa é a chave do problema.

Vape e suas substâncias

O diacetil causa inflamação e cicatrização dos bronquíolos, ramos mais diminutos dos pulmões, mas não é a única causa possível para a bronquiolite obliterante. Carbonilas voláteis, como formaldeído e acetaldeído, já detectados no vapor de cigarros eletrônicos, também podem causar a doença.


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A popularidade dos vapes entre os jovens adultos e adolescentes se dá, em grande parte, pela variedade de sabores — mas os produtos químicos usados para isso podem causar doenças como o pulmão de pipoca (Imagem: Edgar Martínez/Pexels)
A popularidade dos vapes entre os jovens adultos e adolescentes se dá, em grande parte, pela variedade de sabores — mas os produtos químicos usados para isso podem causar doenças como o pulmão de pipoca (Imagem: Edgar Martínez/Pexels)

Os vapes, além de nicotina, podem contar preparados químicos feitos para dar sabor e atrair a clientela, entre a qual os adolescentes e jovens adultos são numerosos. Muitos produtos químicos aprovados para consumo são seguros por passarem pelo fígado após a ingestão, onde são processados antes de atingir a corrente sanguínea. Quando inalados, no entanto, eles vão diretamente para o pulmão e dali para o sangue, sem filtro algum — o que explica casos como o da fábrica de pipoca.

Estudos indicam haver mais de 180 produtos saborizantes diferentes nos líquidos dos vapes. Muitos deles, quando aquecidos, se quebram em novos compostos, vários nunca testados para inalação segura. O diacetil foi removido de vários produtos relacionados, mas seus substitutos, acetoína e 2,3-pentanodiona, também podem ser perigosos e causar pulmão de pipoca.

Analisando estudos sobre as substâncias e seus riscos, os cientistas Donal O’Shea (professor de química) e Gerry McElvaney (professor de medicina) da Universidade de Medicina e Ciências da Saúde RCSI apontam que adolescentes consumidores de vape reportam mais sintomas respiratórios após o uso do produto, mesmo quando o uso é feito para ajudar a largar o cigarro comum.

A conclusão dos pesquisadores é que, bem como leis foram revistas para proteção dos funcionários de fábricas de pipoca, é necessário regulamentar a indústria dos vapes, testar produtos químicos mais rigorosamente e lançar campanhas informativas para minimizar os riscos.

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