São Paulo — Rodrigo Morgado, CEO da Quadri Contabilidade, foi preso em flagrante, nessa terça-feira (29/4), por porte ilegal de arma em uma investigação contra o tráfico internacional de drogas. A prisão ocorreu no âmbito de uma operação da Polícia Federal.
O homem ficou conhecido quando a auxiliar de contabilidade Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, teve que devolver um Jeep Compass ganhado em sorteio após ser demitida da empresa dele.
Contra Rodrigo haviam mandados de busca e apreensão em Santos, Bertioga e São Paulo. O empresário foi preso na capital paulista pelo porte ilegal de uma arma encontrada dentro do carro dele. Na Operação Narco Vela, os policiais federais realizavam apreensões nos endereços relacionados a Rodrigo Morgado quando, dentro de um dos dois carros de luxo (veja abaixo) apreendidos do investigado, encontraram o armamento.
Uma viatura da Polícia Federal foi flagrada em frente à Quadri Contabilidade na manhã dessa terça.
Operação Narco Vela
- A operação buscava desarticular uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas, especialmente para o continente europeu e africano, com o uso de satélites e embarcações capazes de atravessar o oceano como barcos e veleiros.
- Foram cumpridos mandados em SP, RJ, PA, SC e MA, além de Estados Unidos, Itália e Paraguai.
- Mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares do estado de São Paulo saíram às ruas.
- Eles cumpriam quatro mandados de prisão preventiva, 31 mandados de prisão temporária e 62 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da 5ª Vara Federal de Santos.
- A investigação que levou à Operação Narco Vela iniciou-se a partir de uma apreensão de três toneladas de cocaína em fevereiro de 2023, dentro um veleiro brasileiro, em alto mar próximo ao continente africano, com a abordagem feita pela Marinha Americana.
Além da acusação de participação no tráfico internacional de drogas, Rodrigo Morgado é acusado de ameaça, calúnia, injúria e estelionato. Larissa registrou um boletim de ocorrência contra a empresa do CEO. De acordo com a mulher, sem autorização prévia, o proprietário da Quadri Contabilidade pegou o Jeep Compass na casa de uma colega da ex-funcionária.
Rodrigo Morgado, por sua vez, afirmou que Larissa foi demitida por questões éticas e comportamentais. Ela alega que foi desligada após ter questionado a firma sobre as condições do automóvel, que, segundo ela, apresentava defeitos mecânicos.
Ao Metrópoles, a assessoria da Quadri Contabilidade explicou que o sorteio fazia parte de uma ação interna de marketing. O ganhador poderia usufruir do veículo durante o ano inteiro e, nesse meio tempo, deveria bater algumas metas de três em três meses.
Entenda o caso
- Larissa Amaral da Silva ganhou um Jeep Compass em um sorteio da Quadri Contabilidade, de Santos, onde ela trabalhava.
- Para contemplar a ganhadora, a empresa impôs condições, como continuar trabalhando por mais um ano e cumprir metas estabelecidas.
- O carro, segundo a empresa, valeria mais de R$ 100 mil.
- Larissa alega que o veículo tinha problemas mecânicos.
- Ela diz que gastou cerca de R$ 10 mil com os consertos.
- A auxiliar de contabilidade afirma que, ao questionar a empresa sobre os defeitos do carro, foi demitida.
- O caso veio à tona em 10 de abril deste ano, quando Larissa usou as redes sociais para compartilhar a situação.
- A demissão ocorreu antes de completar o tempo suficiente para manter o prêmio.
- A documentação do automóvel estava em processo de transferência.
- O carro, então, foi tomado de volta pela empresa.
Como não conseguia arcar com o IPVA do carro, Larissa decidiu sublocar o Jeep para outra funcionária da empresa, o que não era permitido pelo contrato, já que o veículo estava no nome da empresa e seria transferido para o nome dela no final do ano. Assim, ela teria que assumir a responsabilidade e os gastos de documentação, gasolina e IPVA. Ao final do ano, com as metas batidas, o carro seria passado para o nome dela.
Segundo a assessoria da empresa de contabilidade, a demissão ocorreu após a ex-funcionária ter começado a falar mal do plano de ação, com o qual ela mesma teria concordado e assinado, em outros setores da empresa.
Em nota nas redes sociais, o CEO Rodrigo Morgado explicou a situação. “O contrato firmado previa, de forma expressa, que a transferência definitiva do veículo ocorreria apenas em 13/12/2025, após o cumprimento integral das condições por 12 meses”, dizia a nota.
Na postagem, ela fala que, no fim do ano passado, foi premiada com o carro através de um sorteio entre os funcionários e que o automóvel apresentava problemas.
Segundo a nota da Quadri, o veículo havia sido vistoriado antes da campanha e, no momento em que Larissa procurou a firma para denunciar os defeitos, foi oferecida a opção de devolução imediata do Jeep. Ainda de acordo com o texto, Larissa teria escolhido realizar os reparos por conta própria. Depois de três meses, o carro teria dado problema novamente e ela teria começado a pressionar a empresa para assumir os custos, o que contraria os termos contratuais.