O principal investigado pela Polícia Federal (PF) na operação Fantasos, que apura uma fraude bilionária por meio de bitcoins, comprou 139 imóveis em menos de dois anos.
Douver Braga, atualmente preso nos Estados Unidos, é apontado pela PF como suspeito de liderar uma fraude de US$ 290 milhões, cerca de R$ 1,6 bilhão.
Os imóveis, segundo apurou a coluna, eram utilizados para lavar o dinheiro angariado nas fraudes e começaram a ser adquiridos após Braga entrar na mira das autoridades americanas.
Natural de Petrópolis (RJ), ele é undador do Trade Coin Clube (TCC), empreendimento de criptomoedas que oferecia altos lucros aos investidores. Atualmente, ele está preso nos EUA, para onde foi extraditado em fevereiro após ser detido na Suíça.
Segundo a investigação, a TCC oferecia um serviço com base em robô que supostamente realizava milhões de microtransações com Bitcoins por segundo.
De acordo com os investigadores americanos, não havia plataforma de investimento nem o software sofisticado oferecido pelo TCC.
Braga é alvo da Comissão de Valores Mobiliários norte-americana por suspeita de integrar um grupo responsável por um esquema internacional de fraudes. Ele morou nos EUA entre 2016 e 2021, quando executou as fraudes.
Depois dos golpes investigados, ele voltou ao Brasil para fugir de eventuais processos nos Estados Unidos. Aqui, ele teria passado a realizar ações voltadas à lavagem de dinheiro vindo de operações ilícitas.
Para tanto, de acordo com a apuração, ele constituiu diversas empresas de fachada, registradas em nomes de terceiros, além de estabelecer parcerias com empresários.
Como mostrou a coluna, três membros da família Eloy, dona de vinícola na serra fluminense, também foram alvos da operação da Polícia Federal por supostamente ajudarem Douver Braga na lavagem de ativos. Eles são apontados como parceiros de Braga na lavagem de dinheiro.
Operação Fantasos
Deflagrada na manhã da quarta-feira (30/4), a operação Fantasos contou com 50 agentes que cumpriram nove mandados de busca e apreensão em Petrópolis e Angra dos Reis (RJ).
O objetivo era combater a prática de crimes financeiros e lavagem de dinheiro por meio de criptoativos.
Além dos mandados de busca, a Justiça Federal também determinou o sequestro de bens e valores até o montante de R$ 1,6 bilhão. Durante as ações, a PF apreendeu notas de dólar em espécie e carros de luxo.
O esquema perpetrado por Braga é conhecido como “Ponzi”, que envolve a promessa de pagamento de rendimentos muito altos aos investidores às custas do dinheiro pago por outros investidores que chegaram posteriormente.
Além da PF, as investigações também contaram com o FBI, a polícia federal dos EUA.