São Paulo — A capital paulista registrou 1.473 atropelamentos entre janeiro e março, ante 1.159 em igual período do ano passado, um aumento de 27%, com média de 16 por dia. Os dados estão presentes no levantamento realizado pelo Infosiga, do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), do governo estadual de São Paulo.
Já o número de mortos nesse tipo de acidente de trânsito permaneceu estável nos primeiros três meses do ano. Foram 88 óbitos entre janeiro e março, ante 91 em igual período de 2024.
Embora representem apenas 12% da população paulistana, as pessoas com 65 anos ou mais correspondem a 35% dos mortos por atropelamento na cidade. A desproporção é ainda maior quando se vê apenas a população masculina nessa faixa etária. Apesar de os homens serem somente 4,8% dos paulistanos a partir dos 65 anos, eles representam 23% das mortes por atropelamento.
Os períodos da tarde (501 casos) e noite (495) foram aqueles com o maior número de atropelamentos na capital paulista. Horários de grande circulação de pessoas pelas ruas, como na faixa do meio-dia às 13h e das 18h às 20h, também têm grande incidência desse tipo de acidente de trânsito — representam, juntos, 21% do total.
Vias
O ranking dos lugares com o maior número de atropelamentos no primeiro trimestre traz no topo importantes avenidas da capital paulista, onde há circulação de pessoas principalmente no horário comercial.
O destaque negativo ficou por conta da Avenida Marechal Tito, que cruza os bairros de São Miguel e Itaim Paulista em seus pouco mais de 7 km de extensão. Segundo os dados do Infosiga, foram 20 atropelamentos no local, entre janeiro e março.
As duas únicas avenidas da região central que surgem na lista das dez com mais atropelamentos são a do Estado e a Celso Garcia. A última cruza a zona de comércio popular do Brás, onde há calçadas estreitas, comércio ambulante e templos religiosos.

O que dizem prefeitura e Detran
A Prefeitura de São Paulo afirma que atua para garantir maior segurança aos pedestres. Como exemplos das ações, cita a implantação das Áreas Calmas, Rotas Escolares Seguras, redução do limite de velocidade de 50 km/h para 40 km/h em 24 vias, aumento do tempo de travessia, implantação de mais de 9.000 novas faixas de travessia para pedestres, além de colocação de travessias elevadas em locais estratégicos, implantação de minirrotatórias.
Segundo a administração municipal, o Programa Vias Seguras prevê ações dedicadas à segurança viária nas avenidas Marechal Tito, Senador Teotônio Vilella, do Estado, Dona Belmira Marin e Estrada de Itapecerica.
“Na Marechal Tito, por exemplo, foi executada a requalificação de toda a sinalização após recapeamento da via e a fiscalização foi ampliada pela presença de agentes. Há projetos para implantação de semáforos para pedestres e sinalização de proibição de conversão à direita e à esquerda de acordo com o ponto”, afirma, em nota.
De acordo com a prefeitura, o Programa Operacional de Segurança (POS) foca em ações de segurança nas oito vias com maior índice de sinistros. “Nesses locais, são realizadas a intensificação da fiscalização de trânsito, elaboração de projetos de sinalização viária e a revisão de programações semafóricas para aumento do tempo de travessia para pedestres”, diz.
Já o Detran afirma, entre outros, que os resultados do Infosiga são consolidados pelo departamento, mas refletem o comportamento do trânsito em todo o estado e abrangem as competências de diversos órgãos em nível federal, estadual e municipal.
“No estado de São Paulo, se comparados março deste ano com março do ano passado, há redução nos óbitos envolvendo bicicleta (-20,9%), pedestre (-14,2%) e automóvel (-1,8%). Na capital, considerando o mesmo período, há queda nas mortes de motociclistas (-14%), ciclistas (-43%), ocupantes de automóvel (-25%) e pedestres (-10%)”, diz, em nota.