O 1º de Maio, Dia Universal do Trabalhador, nasce em 1884 em Chicago, em violentas manifestações pela jornada de trabalho de 8 horas, com a morte de 7 manifestantes em 1886, onde o movimento se estendeu a 340 mil participantes no país. Hoje, o 1º de Maio se esvai, como em “Adeus às armas”, de Ernest Hemingway, onde um jovem americano que se alista ao exército italiano durante a Primeira Guerra Mundial deixa o combate em deserção pelo amor, não atingido e desiludido, como hoje, na desilusão do amor agora não atingido.
Em 1848, Marx, em “O Manifesto Comunista”, proclama: “Trabalhadores, uni-vos”, no conclame universal pela Revolução Socialista, que iria tudo a resolver. A Primeira Internacional foi criada na Inglaterra em 1864, como uma associação sindical pela melhoria do salário e das condições de vida, onde Marx e Engels tinham pouca voz. A Segunda Internacional foi criada na França em 1889, com a forte influência das ideias socialistas. Em 1891, o Partido Social Democrata – SPD é fundado na Alemanha, onde Rosa Luxemburgo, revolucionária, e Kautsky, gradualista, debatem o futuro do movimento político e sindical. O SPD era “Social”, no sentido da inclusão dos trabalhadores nas benécias da economia; e “Democrata”, no sentido da transformação das economias capitalistas em sistemas eleitorais.
Nos Estados Unidos, de 1890 a 1900, ocorreram 16.027 greves com a participação de 3.096.000 trabalhadores, superando em muito a Inglaterra, com 7.270 greves e participação de 2.679.000 trabalhadores, na formação de um sistema social mais hegemônico nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, as Labor Unions passaram a intermediar os interesses dos trabalhadores, com a primeira segunda-feira de setembro vindo a ser o Labor Day, por acordo, a partir de 1894.
Em 1906, Werner Sombart, um socialista alemão que migrou para os Estados Unidos, em seu livro “Porque não há Socialismo nos Estados Unidos”, escreveu que “qualquer um que já tenha observado os trabalhadores americanos masculinos e femininos notou à primeira vista que eles são um povo diferente dos trabalhadores alemães… Nas ruas, eles são como membros da classe média e agem como Cavalheiros Trabalhadores e Ladies Trabalhadoras”. Trocou-se a “ideologia” por “condições de vida”, na mais avançada economia capitalista.
Na Europa Ocidental, o caminho da “Social-Democracia” foi o mais adotado. Na análise de Adam Przeworski, em “Social Democracy as a Historical Phenomenon”, o número de trabalhadores manuais dos países nas economias capitalistas, após crescimento contínuo no século XIX e início do século XX, estabilizou-se em cerca de 25% da população economicamente ativa a partir de 1925, em todos os países. Para fazer 51% dos votos nas eleições em 2º Turno, a esquerda teve que abrir mão da perspectiva revolucionária da classe trabalhadora para a composição com as classes sociais, no pacto da rotatividade do poder, com benécias políticas e econômicas para todos.
Já no o quê, alguns autores chamam de o “socialismo real”, como na Rússia e União Soviética, e outros países, o sistema se mostrou burocrático e ineficaz, na economia, na distribuição de renda, e no objetivo da liberdade social. O sistema se decompôs, com a queda do Muro de Berlin em 1989, e dissolução da União Soviética em 1991.
No Brasil, gloriosos foram os dias da CGT e da CUT, nos movimentos sociais. Hoje, a esquerda encontra-se institucionalizada, sem a solução dos problemas sociais, a não ser para aqueles que estão no poder, como é regra geral no Brasil. O Brasil chora, e se desvai.
O 1º de Maio deste ano em nada há de presenças; Lula não mais lá está; definha-se; quase que morre o movimento social; a esquerda já não há mais.
Como no “Adeus às Armas”.
Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciência Políticas pela Universidade de Chicago e Autor