A Região Sul lidera o ranking de demissões voluntárias no Brasil, que bateram recorde nos últimos 12 meses, alcançando 36% das pessoas com carteira assinada no país (leia mais sobre esse assunto neste link). A constatação foi feita por um estudo da LCA Consultores, com base em informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
De acordo com a análise, produzida pelo economista Bruno Imaizumi, a taxa de mudança de emprego no Sul foi de cerca de 45% nos últimos 12 meses. Ou seja, foi esse o percentual das pessoas formalmente empregadas que mudou voluntariamente de trabalho. Em segundo lugar, ficou o Centro-Oeste, com 40%. A seguir, vieram Sudeste (35%), Norte (30%) e Nordeste (25%).
De acordo com Imaizumi, esses indicadores estão associados, principalmente, ao aquecimento do mercado de trabalho no país. “A estabilidade econômica da Região Sul se contrapõe com as taxas abaixo da média das regiões Norte e Nordeste, que contemplam mercados menos dinâmicos e menor oferta de empregos formais”, diz Imaizumi.
Ele destaca, porém, a participação do Centro-Oeste na análise, cujos números se “descolaram da média nacional”. “Esse movimento foi impulsionado pelo crescimento econômico acelerado da região nos últimos anos, especialmente em setores como a agropecuária e os serviços, que oferecem oportunidades alternativas aos trabalhadores”, afirma o economista.
Estados de destaque
Na Região Sul, a liderança na troca de empregos formais fica com Santa Catarina, com índice de quase 50% (metade da população com carteira assinada mudou de emprego em 12 meses, concluídos em fevereiro, portanto). Ali, o estado é seguido pelo Paraná (cerca de 45%) e pelo Rio Grande do Sul (quase 40%).
No Sudeste, São Paulo e Espírito Santo ocupam os primeiros lugares, com taxas pouco superiores a 35%. Na rabeira, ficou o Rio de Janeiro, com pouco acima dos 30%. “O Rio vem perdendo tração no emprego formal nos últimos anos devido a questões estruturais, o que se refletiu no descolamento da média de trocas de emprego do Sudeste nos últimos anos”, diz Imaizumi.
Força do agro
No Centro-Oeste, o maior número foi alcançado pelo Mato Grosso do Sul, com quase 45% dos trabalhadores mudando de trabalho nos últimos 12 meses até fevereiro, e Mato Grosso, com cerca de 40%. Ambos são estados especialmente vinculados ao agronegócio, cuja pujança vem se mantendo nos últimos anos.
No Norte, Rondônia ficou em primeiro lugar, também perto dos 40%. Por quê? Imaizumi explica: “O estado se deslocou da curva da média nacional nos últimos três anos, muito por conta do avanço do agro e de seu efeito de transbordamento em outros setores”.
O menor crescimento da taxa de troca de empregos encontra-se no Nordeste. O que, segundo o economista da LCA, também reflete o menor número de oportunidades de trabalho. Nessa região, quase todos os estados estão embolados num patamar de cerca de 25%. O único que foge desse nível é o Ceará, que alcança cerca de 30%.