No governo do Distrito Federal, todo tipo de funcionário tem direito a carro particular. De integrantes do primeiro escalão a auxiliar administrativo.
Desde 1999, a mordomia é garantida com aluguel de carros de passeio para atender, em muitos casos, a interesses pessoais de quem os dirige. Apesar de serem pagos com dinheiro público, os carros, populares e de luxo, não têm identificação de uso em serviço e não passam por processo licitatório na contratação.
O resultado são locações até 30% mais caras do que o preço praticado no mercado. Os aluguéis de carros são feitos através do Instituto Candango de Solidariedade (ICS), uma entidade financiada pelo governo do Distrito Federal para desenvolver trabalhos sociais.
Segundo o ICS, a entidade recebeu dos cofres públicos R$ 1,25 bilhão nos últimos seis anos. Com o dinheiro, o instituto contrata serviços para o governo. Os dados do ICS atestam que, só com contratos de locação de carros para 11 secretarias e órgãos do governo local, foram gastos R$ 36,1 milhões de junho de 1999 a março deste ano.
Para o Ministério Público do Distrito Federal, que investiga o caso há cinco anos, os aluguéis de veículos já custaram, no mínimo, R$ 50 milhões.
O diretor jurídico do ICS, Robson Neves dos Santos, admitiu que os contratos para aluguel de automóveis são feitos sem licitação, sempre com um grupo de seis empresas. Não é feita sequer uma tomada de preços antes de se renovar cada contrato.
(Publicado aqui em 3 de maio de 2005)