Depois de ter levantado a possibilidade de demitir Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não vai tirá-lo do cargo antes do fim do mandato dele à frente do Banco Central americano, em maio de 2026.
Questionado sobre uma possível demissão de Powell durante entrevista ao programa Meet the Press, da NBC News, Trump respondeu: “Não, não, não. Por que eu faria isso? Eu terei a oportunidade de substituir essa pessoa em um curto período de tempo”. A entrevista foi gravada na sexta-feira (2/5), na Flórida, e foi ao ar na TV americana neste domingo (4/5).
Trump, no entanto, manteve o pedido por redução nas taxas de juros. Ele ainda descreveu o chefe do Fed como “totalmente rígido”.
“Ele [Powell] deveria baixá-las [as taxas]. E, em algum momento, ele o fará. Ele prefere não reduzir porque não é meu fã. Sabe, ele simplesmente não gosta de mim”, sustentou Trump.
Em sua última reunião, em março, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed anunciou a manutenção da taxa básica de juros no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.
Como é a indicação ao Fed
- A indicação para o cargo de presidente do Fed é definida pela Casa Branca e confirmada por uma votação no Senado norte-americano a cada 4 anos.
- Em 2022, Jerome Powell foi indicado pelo então presidente dos EUA, Joe Biden, para um segundo mandato à frente do Fed – que termina em maio de 2026.
- O entendimento majoritário nos EUA é o de que o presidente do Fed não pode ser removido do cargo sem que haja uma “justa causa”.
- Há, no entanto, um caso pendente de decisão pela Suprema Corte do país que remete a um precedente estabelecido há 90 anos, em 1935.
- De qualquer forma, caso Trump fosse adiante na ideia de demitir Powell, provavelmente o caso chegaria à Suprema Corte dos EUA.
As primeiras falas de Trump indicando a intenção de demitir Powell repercutiram mal nos mercados globais e levaram as ações de Wall Street a caírem. No fim de abril, Trump começou a amenizar o discurso, levando os principais índices das bolsas de valores de Nova York a operarem em alta.
Outros temas da entrevista
Trump ainda minimizou as preocupações com potenciais problemas econômicos, afirmando que tudo ficaria “OK” a longo prazo, mesmo que a economia americana sofresse uma recessão no curto prazo. Com a queda no PIB, o fantasma da recessão voltou a assombrar os EUA.
Questionado duas vezes se ficaria tudo bem a longo prazo se houvesse uma recessão no curto prazo, o presidente respondeu: “Olha, sim, está tudo OK. O que estamos… eu disse, este é um período de transição. Acho que vamos nos sair muito bem”.
Perguntado se está seriamente considerando um terceiro mandato, mesmo sendo proibido pela Constituição americana, Trump disse que “muitas pessoas” querem que ele faça isso.
“Vou dizer o seguinte. Muitas pessoas querem que eu o faça. Nunca recebi pedidos tão fortes quanto esse. Mas é algo que, até onde sei, você não tem permissão para fazer. Não sei se é constitucional que eles não permitam que você faça isso ou qualquer outra coisa. Mas há muitas pessoas vendendo o chapéu de 2028”, afirmou.
Mas contemporizou: “Isso não é algo que eu esteja procurando fazer. Quero ter quatro anos excelentes e entregar isso a alguém, idealmente um grande republicano, um grande republicano para levar isso adiante. Mas acho que teremos quatro anos, e acho que quatro anos é tempo suficiente para fazer algo realmente espetacular”.