Rio de Janeiro — Um mapa colaborativo criado por um morador do Rio de Janeiro tem se tornado essencial para motoristas de aplicativo, taxistas e até policiais. A ferramenta, hospedada em uma plataforma semelhante ao Google Maps, indica áreas dominadas por facções criminosas, auxiliando na segurança de quem circula pela cidade.
Após a morte de um entregador que entrou por engano em território controlado pelo tráfico, o criador do mapa decidiu desenvolver o projeto para evitar novas tragédias. O mapa já ultrapassou 4,9 milhões de visualizações e é constantemente atualizado com informações de moradores e trabalhadores da região.
Mapa colaborativo vira ferramenta de sobrevivência
O mapa, inicialmente gratuito, agora cobra uma taxa de R$ 10 para acesso, visando limitar o uso indevido por influenciadores e jornalistas que utilizavam o conteúdo sem dar os devidos créditos. Apesar de não ter reconhecimento oficial, a ferramenta é amplamente utilizada por trabalhadores da mobilidade urbana e até por policiais civis e militares, que confirmaram seu uso informal.
O criador do mapa afirma que, além de receber relatos e imagens de usuários, também acompanha perfis jornalísticos especializados em segurança para manter o mapa atualizado. “Conheço muitas comunidades pessoalmente. Esse conhecimento ajuda a manter o mapa o mais preciso possível”, disse.
Expansão do Comando Vermelho e retração das milícias
Dados de um estudo divulgado em abril de 2024 pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni/UFF) e pelo Instituto Fogo Cruzado mostram que, em 2023, o Comando Vermelho foi a única facção a expandir seu território na Região Metropolitana do Rio, crescendo 8,4% e passando a controlar 51,9% das áreas ocupadas por grupos criminosos. As milícias, por sua vez, perderam espaço, caindo para 38,9% de domínio, com retração de 19,3%.
O Comando Vermelho chegou a controlar 242 km², seu maior território desde o início do mapeamento em 2008, superando os 181 km² das milícias — uma inversão de tendência observada desde 2020.
Consequências diretas da atuação das facções
A atuação das facções e as trocas de domínio têm consequências diretas e trágicas. Só em 2024, pelo menos 16 pessoas foram baleadas ao entrarem por engano em comunidades dominadas, segundo o Instituto Fogo Cruzado — o maior número desde 2016. Um dos casos mais recentes envolveu um idoso de 80 anos, de São José dos Campos (SP), que entrou por engano no Complexo de Israel, na Zona Norte, e teve o carro atingido por tiros de fuzil. Ele foi ferido de raspão, agredido e teve a roupa rasgada por supostos traficantes.
A notícia Mapa de facções no Rio de Janeiro: motoristas e policiais usam guia virtual apareceu primeiro em Diário Carioca.