Imaginemos o nosso Brasil como uma grande casa de família. O presidente seria o patriarca, aquele que deveria comandar o lar, organizar as contas, colocar ordem no barraco e tentar agradar a sogra (também conhecida como opinião pública). Mas o problema é que, nessa casa, todo mundo quer ser o chefe. E não é só o presidente Lula, não. Temos vizinhos “psiqueiros”, filhos adolescentes maconheiros, um tio sargentão aposentado que vive lembrando do passado e até o Lulu da Pomerania, da casa, que late, cheio de autoridade, querendo laços novos e dando ordens.
Vamos começar pelo nosso atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele já foi o queridinho da classe trabalhadora, o tiozão da pelada e do churrasco que todo mundo respeitava. Voltou ao poder cheio de planos e discursos bem elaborados. Mas eis que surge um problema: o nosso Supremo Tribunal Federal, aquele que deveria, tão somente, proteger a nossa Constituição, também conhecido como STF, resolveu colocar as manguinhas de fora. É decisão pra cá, voto pra lá, prende aqui, solta acolá, canetada pra tudo que é lado. Parece até que querem mostrar que mandam mais que o chefe da casa. E isso, meus amigos, tem feito a popularidade de Lula derreter mais rápido que picolé no asfalto de Brasília. Nem precisa acreditar em mim, perguntem de quem faz pesquisas qualitativas. Já começo a temer até pelos indicados do nosso Presidente Lula. O nosso Lulinha Paz e Amor de fora das comemorações do Primeiro de Maio? Há algo de errado no Castelo da Alvorada!
Enquanto isso, na ala direita da casa, temos o ex-pracinha Jair Bolsonaro. Sim, ele ainda está por aí! Mas agora aparece mais nos Boletins Médicos do que nos jornais políticos. A cada semana, uma internação, uma cirurgia, uma entrevista dramática sobre as facadas de 2018. Tem gente que já apelidou o ex-presidente de “Sílvio Santos do Sírio”: sempre reaparece com novidades que abalam, mas ninguém sabe quando voltará para operar.
Só que, entre os dramas da esquerda e os gemidos da direita, aparecem quatro personagens, semi-novos e usados, no nosso trágico enredo: os governadores. Cada um com seu estilo, suas promessas e suas mirabolantes ambições.
Primeiro, Tarcísio de Freitas, o governador de São Paulo. Ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio tenta andar com um pé na direita e outro no centro, mancando para a esquerda da Dilma, o que às vezes o faz parecer um equilibrista de circo. Fala manso, tem currículo técnico, e evita gritar muito pra não assustar o eleitorado da Faria Lima. Tem gente dizendo que ele é o “Bolsonaro com Google Agenda e gravata bem passada”.
Depois vem Romeu Zema, de Minas Gerais. Mineiro típico: come quieto, não faz alarde e quando a gente vê, já está no segundo mandato. Liberal na economia, discreto no estilo, é o tipo de político que prefere passar o jogo no banco do que entrar em bola dividida. Se o Brasil fosse um condomínio, ele seria aquele síndico que só aparece quando o elevador quebra. Já está na hora de mostrar ao Condomínio, o que ele fez no seu andar.
O eterno candidato, aquele que faz campanha para perder, Ciro Gomes, foi visitado pela “Puliça”, que procurava ninguém sabe o que, no seu apê? Seriam joias? Fuzis? Castanhas de caju? Punhais de Lampião? Ainda saberemos o que sairá das entranhas do Cangaceiro Escolado.
E por fim, o mais arrojado: Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Médico, lutador do MMA, conservador e dono de uma retórica firme, Caiado parece ter saído direto de uma novela de época. Irmãos Coragem, sendo o Tarcísio Meira do protagonismo. Fala com autoridade, tem um ótimo trânsito entre setores do agronegócio e da direita raiz. Mas às vezes, exagera nos modos e pode espantar os indecisos e o segundo turno, como quem chega numa festa já puxando assunto de política, com volume na cintura.
No fim das contas, o que resta ao povo brasileiro é olhar esse cardápio e perguntar: “É só isso mesmo que tem pra nós?” A eleição já cheira e os pratos principais ainda estão sendo temperados. Enquanto isso, o STF continua dando pitaco, Lula tenta retomar a simpatia das massas e Bolsonaro… bem, segue internado, mas, só de olho gordo em tudo. Teria o STF, o nosso Supremo, coragem suficiente para lançar um candidato saído do seu ventre? É tudo que eu espero ver. A maldade com o nosso presidente já foi feita.
O ano de 2026 tá fazendo um suspense de matar o Hitchcock, com muito café com chocolate, bolinhos de chuva, conversa fiada, bom humor e, quem sabe, uma tasquinha esperança.
Roberto Caminha Filho, economista, quer ver o Lula até o final do seu mandato.