Em 1995, enquanto o Brasil ainda se estabilizava com o recém-implementado Plano Real, o mundo dos games passava por uma transformação tecnológica e criativa. Era o ano em que consoles de 16-bits alcançavam seu apogeu criativo, ao mesmo tempo em que os primeiros sistemas de 32-bits davam seus primeiros passos rumo ao futuro 3D que hoje conhecemos.
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No Brasil, o Super Nintendo reinava como objeto de desejo custando salgados R$ 319 (equivalente a impressionantes R$ 3.070 em valores atualizados), enquanto o Mega Drive não ficava muito atrás, saindo por R$ 290 (cerca de R$ 2.791 hoje). O Sega Saturn, recém-chegado às prateleiras brasileiras, assustava com seu preço estratosférico de R$ 899, o que representaria incríveis R$ 8.661 nos dias atuais — mais do que muita gente gasta em um PC gamer completo hoje!
Nos Estados Unidos, a Sega fazia um dos maiores erros estratégicos da história dos videogames ao anunciar o Saturn por US$ 399 durante a E3, apenas para ver seu rival, a Sony, subir ao palco horas depois e, com uma única frase (“US$ 299”), decretar o início do domínio do PlayStation no mercado. Enquanto isso, a Nintendo demonstrava as capacidades do Ultra 64 (posteriormente Nintendo 64) com 13 jogos jogáveis na Nintendo Space World no Japão, preparando o terreno para o futuro.
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Em meio a essas revoluções de hardware, assistimos também ao surgimento do Windows 95, sistema operacional que mudaria para sempre o cenário de jogos para PC, oferecendo suporte aprimorado a gráficos coloridos, som de qualidade superior e uma interface mais amigável. Para contrabalancear, nesse mesmo ano a Nintendo lançava o Virtual Boy, talvez o maior fracasso comercial de sua história, enquanto o velho e bom NES finalmente se despedia das linhas de produção após anos de serviços gloriosos.
Em meio a esse cenário de transição tecnológica, desenvolvedores de todo o mundo criaram verdadeiras obras-primas que continuam na memória e no coração de milhões de jogadores. Pensando nisso, hoje vamos falar sobre os 13 jogos mais icônicos lançados em 1995, um dos anos mais importantes da história dos games e que não só marcou o início da virada para os 32-bits, mas também o surgimento de alguns dos maiores clássicos de todos os tempos.
13. Rayman
Nascido da mente criativa do designer Michel Ancel, Rayman surgiu como uma alternativa refrescante aos mascotes de plataforma que dominavam o mercado em 1995. Diferente de tantos animais antropomórficos que povoavam os consoles da época, Rayman era uma criatura humanóide sem braços ou pernas, com membros flutuantes que se tornaram sua marca registrada. O jogo foi concebido inicialmente para o Atari Jaguar, mas ficou famoso mundialmente depois que foi lançado para o PlayStation.

O que mais impressionava em Rayman eram seus visuais deslumbrantes. Com cenários desenhados à mão e animações que pareciam ter saído de um desenho animado, o jogo se mostrou uma obra de arte tamanha a qualidade de sua direção de arte. A trilha sonora premiada pela EGM e os ambientes coloridos criavam uma atmosfera mágica que contrastava com o desafio considerável que o jogo impunha aos jogadores — não se engane pela aparência fofa, Rayman era extremamente difícil.
Rayman foi tão bem-sucedido que foi o jogo de PlayStation mais vendido na Europa em todos os tempos, estabelecendo as bases para uma franquia duradoura que se reinventou múltiplas vezes ao longo das décadas seguintes. A Ubisoft, estúdio francês por trás do título, ganhou reconhecimento internacional graças ao herói sem membros, abrindo caminho para se tornar uma das maiores empresas da indústria.
12. Marvel Super Heroes
Quando a Capcom lançou Marvel Super Heroes em 1995, o universo dos games de luta vivia seu auge de popularidade, mas poucos títulos conseguiam capturar a essência dos quadrinhos como este jogo fez. Como segundo título da parceria entre Capcom e Marvel (após X-Men: Children of the Atom), o jogo trouxe ao arcade personagens icônicos como Homem de Ferro, Capitão América, Homem-Aranha e Hulk em um período em que esses heróis estavam longe da onipresença cultural que têm hoje.

O diferencial de Marvel Super Heroes estava em seu sistema de jogo centrado nas Joias do Infinito, muito antes que estes artefatos se tornassem conhecidos do grande público através dos filmes do MCU. Os jogadores podiam coletar as joias durante as batalhas e ativá-las para ganhar poderes especiais, adicionando uma camada estratégica que ia além dos combos e golpes especiais tradicionais. O jogo também impressionava pelos sprites grandes e detalhados, além das animações que capturavam perfeitamente a energia dos quadrinhos.
Marvel Super Heroes estabeleceu as fundações para o que viria a ser uma das parcerias mais celebradas dos jogos de luta: a série Marvel vs. Capcom. Muitos dos movimentos e características dos personagens introduzidos aqui foram mantidos nos jogos subsequentes, e a mecânica de joias influenciou vários outros títulos de luta da época. Para muitos fãs, este foi o primeiro contato significativo com personagens da Marvel em videogames, ajudando a plantar as sementes para a atual dominância cultural do universo Marvel.
11. Mega Man 7
Após seis títulos aclamados para o Nintendinho, a Capcom finalmente trouxe seu icônico Robô Azul para o Super Nintendo com Mega Man 7. O jogo chegou em um momento peculiar: a era 16-bits já começava a descer a ladeira com a chegada dos consoles de 32-bits e muitos questionavam se a fórmula clássica de Mega Man ainda tinha lugar nesse novo cenário. A resposta veio na forma de uma aventura que mantinha a essência da série enquanto aproveitava o hardware do SNES.

Visualmente, Mega Man 7 representou uma grande evolução para a série. Os sprites maiores e mais detalhados, cenários coloridos com múltiplas camadas de parallax e efeitos especiais deram nova vida ao universo do jogo. A Capcom também experimentou novidades na jogabilidade, como a loja do Auto, que permitia comprar itens com parafusos coletados durante as fases, e a adição de áreas secretas mais elaboradas. A dificuldade, marca registrada da franquia, continuava presente, especialmente na infame batalha final contra Dr. Wily.
O jogo também introduziu personagens importantes para o cânone da série, como Bass e Treble, rivais diretos de Mega Man e Rush, criando uma dinâmica que seria explorada no futuro. Embora inicialmente tenha recebido críticas mistas por não revolucionar a fórmula, com o passar dos anos Mega Man 7 ganhou status de clássico cult e hoje é considerado por muitos fãs como um dos melhores títulos da série clássica.
10. Full Throttle
Em 1995, a LucasArts estava no auge de sua criatividade com aventuras point and click, e Full Throttle chegou como uma de suas obras mais distintas e maduras. Dirigido por Tim Schafer, o jogo contava a história de Ben, líder de uma gangue de motoqueiros chamada Polecats, em um futuro distópico onde as motocicletas estavam em vias de extinção. A narrativa noir, o visual estilizado e os temas adultos representavam um afastamento significativo dos jogos mais cômicos que definiram o estúdio até então.

Full Throttle impressionou muitos jogadores por sua abordagem mais séria e pela qualidade de sua apresentação. A dublagem profissional, incluindo o talento de Mark Hamill como o vilão Adrian Ripburger, era algo raro na época. A integração de sequências de ação em uma aventura point and click tradicional também foi inovadora, assim como a trilha sonora da banda de rock The Gone Jackals, que amplificava a atmosfera rebelde do jogo e se tornaria indissociável da experiência.
Apesar de ser relativamente curto comparado a outros títulos da LucasArts, Full Throttle deixou sua marca na indústria e na memória dos jogadores. O carisma de Ben, os diálogos afiados e o final agridoce contribuíram para elevar o storytelling em games a um novo nível. Tanto é que, 22 anos depois, Tim Schafer e sua Double Fine Productions lançariam uma versão remasterizada, provando que a jornada de Ben através da Estrada Perdida Highway continuava ressoando com os jogadores mesmo décadas depois.
9. Dragon Quest VI: Realms of Revelation
Em 1995, Dragon Quest VI: Maboroshi no Daichi (Realms of Revelation no ocidente) chegou ao Super Famicom japonês como um verdadeiro fenômeno cultural. Foi o jogo mais vendido do ano, mesmo tendo sido lançado exclusivamente no Japão. A Enix, ainda não fundida com a Square, criou uma experiência monumental que expandia o universo da já aclamada franquia com um sistema inovador de mundos paralelos e uma narrativa sobre dualidade e autodescoberta que estava muito à frente de seu tempo.

O jogo introduziu o revolucionário sistema de classes vocacionais, permitindo que os personagens dominassem múltiplas profissões e combinassem suas habilidades. Esta mecânica influenciou inúmeros RPGs nos anos seguintes e se tornou uma característica definidora da série. Visualmente, Dragon Quest VI aproveitava ao máximo o hardware do Super Famicom, com sprites detalhados desenhados pelo icônico artista Akira Toriyama (Dragon Ball) e cenários vibrantes que transmitiam perfeitamente a sensação de explorar múltiplos mundos.
Para muitos fãs ocidentais, Dragon Quest VI permaneceu como uma lenda inacessível por 15 anos, até finalmente receber uma tradução oficial com seu relançamento para Nintendo DS em 2011. Esta espera contribuiu para a aura mítica do jogo, frequentemente citado como um dos grandes RPGs “perdidos” da era 16-bits. A complexidade de sua narrativa, que explorava temas como identidade e propósito através da metáfora de mundos paralelos, demonstrava como os videogames estavam evoluindo como meio narrativo, mesmo limitados pela tecnologia da época.
8. Command & Conquer
Command & Conquer surgiu em 1995 como um divisor de águas para os jogos de estratégia em tempo real. Desenvolvido pela Westwood Studios, o jogo apresentou aos jogadores um conflito global entre a organização militar Global Defense Initiative (GDI) e a facção terrorista Brotherhood of Nod, liderada pelo carismático e enigmático Kane. O que diferenciava C&C de seus contemporâneos era sua narrativa cinematográfica, apresentada através de sequências em FMV (Full Motion Video) com atores reais, algo revolucionário para a época.

Ao contrário de outros jogos de estratégia que exigiam gerenciamento complexo de recursos, Command & Conquer simplificou o processo com apenas dois recursos (Tiberium e energia) e uma interface intuitiva. Esta acessibilidade, combinada com o sistema de unidades equilibrado e missões bem projetadas, ajudou a popularizar o gênero RTS para um público muito além dos entusiastas hardcore. A possibilidade de jogar campanhas completas com perspectivas diferentes (GDI ou Nod) também aumentava o fator replay, algo raro para a época.
Command & Conquer estabeleceu padrões de design que permanecem em uso até hoje em jogos de estratégia, desde o minimapa até a estrutura de coleta de recursos. A música icônica de Frank Klepacki, especialmente a faixa “Act on Instinct”, tornou-se sinônimo do gênero RTS. O sucesso do título gerou uma franquia duradoura com múltiplas sequências e spin-offs, incluindo a popular série Red Alert.
7. Twisted Metal
Quando a SingleTrac e a Sony lançaram Twisted Metal para o recém-nascido PlayStation em 1995, poucos poderiam prever o que esse jogo de combate veicular conseguiria fazer. Em uma época em que títulos como Mario e Sonic definiam o que videogames deveriam ser, Twisted Metal trazia uma proposta subversiva: um torneio mortal onde motoristas psicopatas se enfrentavam em veículos armados pelas ruas de Los Angeles. O design grotescamente criativo dos personagens, como o icônico palhaço Sweet Tooth em seu caminhão de sorvete, rapidamente se tornou parte do imaginário dos jogadores.

A jogabilidade frenética de Twisted Metal, combinando elementos de corrida e tiro em terceira pessoa, criou uma experiência inédita que aproveitava perfeitamente o novo hardware do PlayStation e suas capacidades gráficas em 3D. Os cenários destrutíveis, os múltiplos patamares das arenas e a física dos veículos estabeleceram um novo padrão para jogos de combate. Cada personagem tinha seu próprio veículo com características distintas e ataques especiais, criando um jogo surpreendentemente estratégico por trás do caos aparente.
Twisted Metal foi um grande sucesso comercial e um importante marco cultural para o PlayStation. O jogo ajudou a estabelecer a identidade “madura e ousada” que a Sony cultivou para seu console, em contraste direto com a imagem mais familiar e infantil da Nintendo. A franquia se estenderia por várias sequências, com Twisted Metal 2 elevando ainda mais o conceito e se tornando um dos jogos mais icônicos do PlayStation original.
6. Street Fighter Alpha
Em um momento em que a febre de Street Fighter 2 começava a arrefecer após o boom do início dos anos 1990, a Capcom revitalizou sua franquia mais importante com Street Fighter Alpha. Mais do que apenas mais um capítulo, Alpha (ou Zero, como era conhecido no Japão) foi uma reinvenção artística e conceitual da série. Ambientado entre o primeiro Street Fighter e Street Fighter II, o jogo mesclava personagens clássicos com novatos como Rose e Charlie, além de resgatar Guy e Sodom de Final Fight.

Visualmente, Street Fighter Alpha rompeu com o estilo realista de seu antecessor, optando por uma direção artística inspirada em anime, com traços mais definidos, cores vibrantes e animações exageradas. Essa mudança estética foi acompanhada por inovações na jogabilidade, como o sistema de três níveis para golpes especiais, contadores Alpha (precursores dos V-Triggers de Street Fighter V) e o Custom Combo, que permitia aos jogadores criar sequências de ataques personalizadas quando a barra de super estava cheia.
O sucesso de Street Fighter Alpha provou que havia espaço para experimentação mesmo em uma série consagrada, e a Capcom expandiu o conceito com duas sequências diretas nos anos seguintes. Muitos dos elementos introduzidos aqui, tanto estéticos quanto mecânicos, acabaram definindo o rumo da série nas décadas seguintes. Personagens como Sakura, introduzida em Alpha 2, se tornaram favoritos dos fãs, e o estilo visual influenciou futuros títulos da franquia e outros jogos de luta da própria Capcom e de concorrentes.
5. International Superstar Soccer Deluxe
Em 1995, International Superstar Soccer Deluxe evoluiu a fórmula e as mecânicas do título anterior e conquistou o coração dos brasileiros com sua jogabilidade intuitiva e representação autêntica do esporte. Numa época em que o Brasil ainda celebrava o tetracampeonato mundial conquistado no ano anterior, ISS Deluxe chegou com a proposta perfeita: gráficos aprimorados, controles mais responsivos e uma física de bola que finalmente fazia jus ao esporte mais popular do planeta. A versão para Super Nintendo, em particular, tornou-se um fenômeno cultural no Brasil.

O que diferenciava ISS Deluxe de seus concorrentes era o equilíbrio entre acessibilidade e profundidade. Qualquer pessoa podia pegar o controle e se divertir imediatamente, mas o jogo oferecia nuances surpreendentes para quem se dedicasse a dominá-lo. Os chutes com efeito, dribles precisos e táticas pré-definidas permitiam partidas tão emocionantes quanto as reais.
A popularidade de International Superstar Soccer Deluxe na América Latina foi tão grande que gerou um mercado próspero de hacks e versões modificadas. O peruano Lobsang Alvites e sua equipe criaram as famosas adaptações “Ronaldinho Futebol Brasileiro” e “Campeonato Brasileiro”, que incluíam times e jogadores atualizados muito antes do Bomba Patch e narração em um portunhol sofrível, mas que ficou marcado para sempre na memória dos jogadores.
Vendidas abertamente em camelôs e feiras populares, essas versões piratas foram tão bem-sucedidas que para muitos brasileiros representavam a versão “oficial” do jogo.
4. Tekken 2
Apenas um ano após o lançamento do original, a Namco voltou aos arcades com Tekken 2, uma sequência que não apenas aprimorava a fórmula, mas redefinia as expectativas para jogos de luta 3D. O jogo chegou inicialmente aos arcades em 1995 e foi posteriormente portado para o PlayStation em 1996, tornando-se um dos títulos definidores do console. Com gráficos substancialmente melhorados, movimentos mais naturais e um elenco expandido, Tekken 2 demonstrou o verdadeiro potencial da franquia que se tornaria uma das mais duradouras do gênero.

O que tornou Tekken 2 icônico foi sua abordagem aos combates. Enquanto a maioria dos jogos de luta da época dependia de movimentos especiais complexos, Tekken baseava-se em um sistema intuitivo onde cada botão controlava um membro diferente do lutador. Esta acessibilidade inicial, combinada com uma profundidade técnica impressionante para os jogadores mais dedicados, criou uma experiência que atraía tanto novatos quanto veteranos. A introdução de novos personagens icônicos como Lei Wulong, Jun Kazama e Jack-2 expandiu o universo do jogo e forneceu mais opções de estilos de luta.
Tekken 2 também se destacou por sua narrativa, algo raro em jogos de luta da época. Cada personagem tinha motivações claras, histórias de fundo detalhadas e finais cinematográficos únicos que se entrelaçavam com a trama principal sobre o torneio do Punho de Ferro e a luta pelo controle da Mishima Zaibatsu. Esta atenção à construção de mundo estabeleceu as bases para o elaborado universo que a série continuaria a desenvolver nas décadas seguintes. Os modos de jogo expandidos, incluindo o Team Battle e o Survival, também definiram o que o jogador deveria esperar dos jogos de luta nos anos seguintes.
3. Donkey Kong Country 2: Diddy’s Kong Quest
Após o estrondoso sucesso do original, a Rare tinha uma missão dificílima: criar uma sequência que não apenas mantivesse o nível, mas superasse seu antecessor. Com Donkey Kong Country 2: Diddy’s Kong Quest, o estúdio britânico não só cumpriu essa expectativa como criou o que muitos consideram o melhor título da trilogia no Super Nintendo. Lançado no final de 1995, o jogo trocava as praias e florestas tropicais do original por uma temática pirata sombria, com Diddy Kong e sua nova parceira Dixie Kong embarcando em uma missão para resgatar Donkey Kong, capturado pelo vilão Kaptain K. Rool.

A evolução técnica e artística era evidente em todos os aspectos. Os gráficos pré-renderizados que impressionaram no primeiro jogo foram aprimorados, apresentando cenários ainda mais detalhados e diversificados, desde navios piratas e pântanos até colmeias e vulcões. A jogabilidade também foi refinada, com controles mais precisos e a adição de novas habilidades, como o giro de cabelo de Dixie que permitia planar pelas fases. Os animais de montaria retornaram com melhorias e novos integrantes, como o papagaio Quawks e a cobra Rattly, cada um oferecendo formas diferentes de exploração.
Onde Donkey Kong Country 2 realmente brilhou foi na combinação de level design desafiador com uma trilha sonora inesquecível composta por David Wise. Músicas como “Stickerbrush Symphony” transcenderam o status de simples BGM de videogame para se tornarem composições aclamadas. O jogo também introduziu um sistema de colecionáveis mais elaborado com as moedas DK e os troféus de herói, criando um desafio adicional para completionistas.
2. Super Mario World 2: Yoshi’s Island
Quando a Nintendo revelou Super Mario World 2: Yoshi’s Island em 1995, muitos ficaram surpresos com a direção artística radicalmente diferente. Ao invés dos gráficos limpos e definidos dos jogos anteriores de Mario, Yoshi’s Island apresentava um visual que parecia ter sido desenhado com giz de cera por uma criança talentosa. A decisão de design, tomada pelo lendário Shigeru Miyamoto como resposta direta ao realismo pré-renderizado de Donkey Kong Country, resultou em um dos jogos mais diferentes e encantadores do SNES, que parece atemporal mesmo 30 anos depois.

Além da mudança estética, Yoshi’s Island reinventou a jogabilidade da série Mario. Controlando Yoshi enquanto carregava o Bebê Mario, os jogadores tinham acesso a mecânicas completamente novas: arremessar ovos, transformações especiais, flutter jumps e a tolerância a danos que substituía o sistema tradicional de power-ups. O nível de criatividade em cada estágio impressionava, com desafios e quebra-cabeças que nunca se repetiam e chefes que faziam uso inteligente do chip Super FX2, permitindo efeitos de escala e rotação nunca vistos em jogos 2D.
Yoshi’s Island estabeleceu Yoshi como protagonista viável para sua própria série de jogos, que continua até hoje, e introduziu elementos de design que influenciariam plataformas 2D por décadas. Sua abordagem ao level design, focada em exploração e coleta de itens além da corrida típica dos games side scrolling, antecipou tendências que veríamos em jogos de plataforma anos depois. A decisão corajosa de seguir um caminho artístico tão distinto, mesmo sob o peso da gigantesca marca Mario, demonstra como a Nintendo no auge de sua criatividade estava disposta a arriscar e inovar mesmo com suas IPs mais valiosas.
1. Chrono Trigger
Em 1995, quando a Square reuniu o “Dream Team” do desenvolvimento de RPGs — Hironobu Sakaguchi (criador de Final Fantasy), Yuji Horii (criador de Dragon Quest) e Akira Toriyama (designer de Dragon Ball) — as expectativas já eram estratosféricas. O que ninguém poderia prever é que o resultado, Chrono Trigger, transcenderia estas expectativas para se tornar não apenas um dos melhores RPGs já criados, mas um marco cultural que até hoje impacta jogadores e desenvolvedores de todo o mundo. Lançado inicialmente para o Super Nintendo, o jogo contava a história de Crono e seus amigos em uma aventura através do tempo para impedir o apocalipse.

O que diferenciava Chrono Trigger de seus contemporâneos era sua atenção inovadora aos detalhes e à experiência do jogador. Ele aboliu os encontros aleatórios, característicos do gênero, em favor de inimigos visíveis no mapa. Introduziu combates em que a posição dos personagens importava e ataques combinados que incentivavam experimentação com diferentes formações de grupo. A narrativa não-linear com 13 finais diferentes e um sistema de New Game+ (termo cunhado pelo próprio jogo) oferecia um fator replay sem precedentes. Cada época visitada — da pré-história a um futuro pós-apocalíptico — tinha sua própria identidade visual, cultural e musical, criando um mundo virtualmente vivo e coerente.
A trilha sonora de Yasunori Mitsuda (com contribuições de Nobuo Uematsu) trouxe temas que transmitiam perfeitamente a essência de cada personagem e época visitada. O sistema de tecidamento de tempo permitia ver as consequências das ações do jogador através das eras, criando uma narrativa onde cada escolha tinha peso e significado genuínos. Chrono Trigger é frequentemente citado como o “RPG perfeito” por suas inovações técnicas e sua alma — a maneira como entrelaça gameplay, narrativa e emoção em uma experiência coesa que resiste ao teste do tempo.
Menções honrosas
Worms
A Team17 criou uma fórmula perfeita para o caos estratégico com Worms em 1995. Este jogo de estratégia por turnos coloca equipes de minhocas armadas até os dentes em mapas destrutíveis, onde a física imprevisível e o humor ácido se combinam para criar momentos memoráveis. O conceito simples (eliminar as minhocas inimigas) era complementado por um arsenal absurdo que incluía de bazucas a ovelhas explosivas, estabelecendo as bases para uma franquia que continua ativa após mais de 30 jogos.
Time Crisis
Quando a Namco lançou Time Crisis nos arcades em 1995, o gênero de light gun shooters ganhou sua primeira grande revolução desde Operation Wolf. A introdução do pedal de cobertura transformou a jogabilidade de “atirar em tudo que se move” para uma experiência muito mais estratégica, exigindo que o jogador calculasse bem quando poderia se expor ao perigo. Combinado com gráficos 3D impressionantes para a época e uma contagem regressiva constante que mantinha a adrenalina elevada, Time Crisis deu novo ar aos jogos FPS nos arcades.

Warcraft II: Tides of Darkness
Expandindo significativamente o escopo de seu antecessor, Warcraft II: Tides of Darkness consolidou a Blizzard como mestre na criação de jogos de estratégia igualmente acessíveis e profundos. O jogo aprimorou praticamente todos os aspectos do original, desde os gráficos detalhados e o editor de mapas até a adição de unidades navais e aéreas. A expansão do universo e da mitologia de Azeroth foi decisivo para tornar esta uma das franquias mais importantes dos videogames.
Ultimate Mortal Kombat 3
Lançado em um momento em que a controvérsia sobre violência nos jogos ainda estava quente, Ultimate Mortal Kombat 3 representou o auge da série em sua forma 2D clássica. Com hall de personagens expandido que incluía praticamente todos os personagens da franquia até então, novos Fatalities e a introdução do sistema de Combos Predefinidos, o jogo refinava a fórmula enquanto mantinha a essência visceral que fez Mortal Kombat famoso. A inclusão da mecânica de corrida e de cenários com múltiplos níveis adicionou nova camada estratégica aos combates.

Battle Arena Toshinden
Como um dos primeiros jogos de luta 3D disponíveis para o PlayStation, Battle Arena Toshinden foi instrumental em demonstrar as capacidades do novo console. Desenvolvido pela Tamsoft, o jogo apresentava arenas sem limites onde os jogadores podiam circular livremente em um ambiente 3D completo, algo inédito para a época e que deixou muitos jogadores boquiabertos. Embora eventualmente tenha sido esquecido devido à popularidade de séries como Tekken e Soul Edge, Toshinden merece reconhecimento por seu papel pioneiro e por suas mecânicas inovadoras, incluindo a movimentação 3D e o uso de armas.
Wipeout
Quando a Psygnosis lançou Wipeout para o PlayStation em 1995, o jogo imediatamente se tornou sinônimo da nova era dos videogames. Com sua estética futurista inspirada em designers como The Designers Republic, trilha sonora eletrônica com artistas como Chemical Brothers e Orbital, e jogabilidade antigravitacional em alta velocidade, Wipeout ajudou a posicionar o PlayStation como o console “cool” para o público jovem adulto. Graças a isso o título provou que videogames podiam ser sofisticados e alinhados com a cultura club e o design contemporâneo.
Star Wars: Dark Forces
Antes de Kyle Katarn se tornar um Jedi em Jedi Knight, ele era um mercenário contratado pela Aliança Rebelde em Star Wars: Dark Forces. Este FPS desenvolvido pela LucasArts em 1995 foi muito comparado a Doom, mas oferecia avanços técnicos significativos, como a capacidade de olhar para cima e para baixo, pular, agachar e níveis verticalmente complexos. Mais que um “clone de Doom com skin de Star Wars”, Dark Forces contava uma história original e imersiva dentro do universo expandido, estabelecendo as bases para o que se tornaria uma das séries mais queridas de jogos Star Wars.

1995 foi o início da era 3D nos videogames
O ano de 1995 ficará marcado como um período de transformação radical na indústria dos videogames. Foi um momento único de transição entre gerações, onde os consoles de 16-bits atingiram seu auge criativo com obras-primas como Chrono Trigger e Yoshi’s Island, enquanto as novas plataformas de 32-bits com gráficos 3D começavam a mostrar o potencial do futuro com títulos como Tekken 2 e Twisted Metal.
Em termos de impacto cultural, 1995 representa o momento em que os videogames começaram a transcender seu status de “brinquedo para crianças” para se tornarem uma forma de entretenimento respeitada para públicos diversos. Muitos jogos dessa época demonstraram o potencial narrativo do meio com histórias maduras e sofisticadas. Simultaneamente, títulos como Wipeout e Command & Conquer expandiram a demografia dos jogadores, atraindo adultos com experiências polidas e esteticamente modernas.
Mecânicas introduzidas naquele ano — como o New Game+ de Chrono Trigger, o sistema de classes de Dragon Quest VI ou a jogabilidade baseada em física de Worms — são utilizadas até hoje. O que torna 1995 especial é como esses jogos parecem existir fora do tempo: mesmo 30 anos depois, títulos como Yoshi’s Island e Rayman continuam visualmente impressionantes e perfeitamente jogáveis, um testemunho da visão e talento dos desenvolvedores daquela época.
13 jogos que definiram 1995
- Chrono Trigger: O RPG definitivo da era 16-bits, com uma história sobre viagem no tempo, 13 finais diferentes e um “Dream Team” de criadores lendários
- Super Mario World 2 Yoshi’s Island: Reinventou a fórmula Mario com um estilo visual único e mecânicas inovadoras centradas em Yoshi
- Donkey Kong Country 2 Diddy’s Kong Quest: Sequência que superou o original com level design aprimorado e uma das melhores trilhas sonoras do SNES
- Tekken 2: Revolucionou os jogos de luta 3D com um sistema de controle intuitivo e personagens memoráveis
- International Superstar Soccer Deluxe: Definiu os jogos de futebol na América Latina, gerando até hacks populares como “Ronaldinho Futebol Brasileiro”.
- Street Fighter Alpha: Trouxe nova vida à franquia de luta, com estética inspirada em anime e novos sistemas de combate que moldaram seu futuro
- Twisted Metal: Pioneiro dos jogos de combate veicular e peça fundamental na construção da identidade “madura” do PlayStation
- Command & Conquer: Tornou os jogos de estratégia em tempo real acessíveis a um público mais amplo com sua interface intuitiva e narrativa cinematográfica
- Dragon Quest VI: O jogo mais vendido do ano, lançado exclusivamente no Japão, com um revolucionário sistema de classes e uma história sobre mundos paralelos
- Full Throttle: Aventura point and click da LucasArts que inovou o storytelling nos games com sua narrativa madura sobre um futuro distópico
- Mega Man 7: Trouxe o Robô Azul para o SNES com visuais aprimorados e novos personagens que expandiram o universo da série
- Marvel Super Heroes: Capturou a essência dos quadrinhos em um jogo de luta inovador centrado nas Joias do Infinito, muito antes dos filmes do MCU
- Rayman: Estreia do icônico personagem sem membros da Ubisoft, com visuais deslumbrantes desenhados à mão, trilha sonora premiada e gameplay desafiador
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