Uma ampla maioria de investidores, o equivalente a 74,75% deles, aposta em um aumento de 0,50 ponto percentual dos juros básicos do Brasil, a Selic. O novo valor da taxa vai ser conhecido nesta quarta-feira (7/5), depois da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC). Outros 23,5% acreditam em uma elevação de 0,25 ponto.
É isso o que mostram os dados das “Opções de Copom”, negociadas na Bolsa brasileira (B3). Essas opções são contratos por meio dos quais, na prática, os investidores apostam nas expectativas de alteração da Selic nas reuniões do Copom, realizadas a cada 45 dias.
Se a maioria estiver certa, e o aumento for de meio ponto percentual, a Selic passará dos atuais 14,25% para 14,75%. Esse será o maior valor da taxa desde julho de 2006.
Além das apostas no Bolsa, a perspectiva de elevação de 0,50 ponto também é majoritária entre economistas, embora essa possibilidade tenha sofrido algum abalo. Ele foi resultado das instabilidades provocadas no mercado global, depois do anúncio do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2 de abril.
Razões do aumento
Ainda assim, o setor de pesquisas do Banco Daycoval, por exemplo, elencou ao menos cinco fatores que justificam uma alta de meio ponto percentual da taxa nesta quarta. São os seguintes:
- A projeção para a inflação realizada pelo Comitê na última reunião, de 3,9%, para o “horizonte relevante” do BC (o 3° trimestre de 2026) segue em 3,9%, acima da meta de 3%.
- Desde a última reunião do Copom, em março, as expectativas de inflação se acomodaram, mas permanecem desancoradas (sem convergir para a meta).
- A composição da inflação corrente segue ruim com os serviços subjacentes (que excluem os preços mais voláteis) em patamar elevado.
- Os dados de atividade econômica apresentaram arrefecimento, mas o mercado de trabalho continua resiliente.
- Desde o último Comitê, houve elevação expressiva da incerteza em função do quadro de guerra comercial (o conflito tarifário inaugurado por Trump).
Mas pode dar zebra
Embora diante de tantos motivos as apostas dos investidores estejam concentradas em uma alta de 0,50 ponto percentual, paira uma pequena incerteza sobre o tema. A reunião desta quarta-feira do Copom acontece sem que haja uma indicação prévia precisa a respeito do aumento.
Isso não ocorria desde dezembro, quando a Selic foi elevada em 1 ponto percentual, passando de 11,25% para 12,25% ao ano. Na ocasião, o comunicado divulgado pelo BC indicava que iriam ocorrer mais duas altas da taxa, cada uma delas de 1 ponto percentual, em janeiro e março.
Sem números
Foi o que ocorreu, levando os juros básicos ao patamar de 14,25%. Diante dessa orientação nítida, em março, havia uma quase unanimidade nas apostas do mercado de opções da B3, com 95% dos investidores cravando em 1 ponto percentual de aumento da Selic. Agora, não há essa referência – ao menos, ela não existe de maneira tão precisa.
No último comunicado, o órgão do BC afirmou que vai aumentar a Selic, mas não citou números. Disse o Copom: “O Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”. Ou seja, o documento afirma que a elevação não será de 1 ponto percentual, como em janeiro e março, mas não cita o tamanho da nova régua.