Em meio ao escândalo de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller Júnior, novo presidente do órgão, disse nesta terça-feira (6/5) que o processo de ressarcimento de aposentados e pensionistas, lesados por descontos indevidos, não será feito via Pix, mas diretamente na conta do benefício.
“Será feito via benefício, via conta do benefício. Nada de Pix, nada de depósito em conta e nada de sacar em banco”, declarou Waller Júnior.
Ou seja, quem teve o dinheiro desviado receberá os valores por meio da conta na qual é repassado o benefício previdenciário. Dessa forma, o ressarcimento e o benefício serão depositados conjuntamente, em folha suplementar.
Waller Júnior aconselhou que os aposentados e pensionistas redobrem a atenção para links suspeitos e golpes. “Não caia em outros golpes, não assine nada, não abra link, não acredite em ninguém que esteja vendendo facilidade”, disse, em entrevista à rádio CBN.
A “Farra no INSS” foi revelada pelo Metrópoles em uma série de reportagens, publicadas desde dezembro de 2023.
Entenda o caso revelado pelo Metrópoles
- Em março de 2024, o Metrópoles revelou, a partir de dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), que 29 entidades autorizadas pelo INSS a cobrar mensalidades associativas de aposentados tiveram um salto de 300% no faturamento com a cobrança, no período de um ano, enquanto respondiam a mais de 60 mil processos judiciais por descontos indevidos.
- A reportagem analisou dezenas de processos em que as entidades foram condenadas por fraudar a filiação de aposentados que nunca tinham ouvido falar nelas e, de uma para outra, passaram a sofrer descontos mensais de R$ 45 a R$ 77 em seus benefícios, antes mesmo de o pagamento ser feito pelo INSS em suas contas.
- Após a reportagem, o INSS abriu procedimentos internos de investigação, e a Controladoria-Geral da União (CGU) e a PF iniciaram a apuração que resultou na Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta-feira.
- As reportagens também mostraram quem são os empresários por trás das entidades acusadas de fraudar filiações de aposentados para faturar milhões de reais com descontos de mensalidade. Após a publicação das matérias, o diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, foi exonerado do cargo.
O caso voltou aos holofotes após a Polícia Federal (PF) fazer uma megaoperação, chamada de Sem Desconto, em 23 de abril para investigar cobranças indevidas feitas por entidades em contas de pensionistas e aposentados do INSS.
A relevação do esquema derrubou nomes do primeiro escalão do governo federal, o então ministro da Previdência Social Carlos Lupi e o então presidente do INSS Alessandro Stefanutto — afastado e demitido do cargo no dia da operação da PF.