O senador Flávio Arns (PR) e o deputado Heitor Schuch (RS) assinaram o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A farra no órgão foi revelada pelo Metrópoles.
Eles fazem parte do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, e contrariaram a posição do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contrário à instauração do colegiado.
A lista parcial de assinaturas foi obtida pelo Metrópoles, mas pode sofrer alterações até ser oficialmente protocolada. O PSB, que, além de ocupar a vice-presidência tem o Ministério da Indústria e o Ministério do Empreendedorismo, está longe de ser o partido da base do governo Lula com mais apoio à instauração da CPMI do INSS.
Com três pastas — Comunicações; Desenvolvimento Regional; e Turismo — no governo Lula, o União Brasil é o partido com representação na Esplanada que mais aderiu à CPMI. No total, 32 deputados e três senadores apoiaram a abertura do colegiado, uma iniciativa encampada pela oposição. Isso representa mais da metade da sua bancada da Câmara e 40% do Senado.
A adesão do PSD, por sua vez, dá um retrato da atual relação do partido com o Planalto. Nenhum senador da sigla apoiou a proposta de abertura da CPMI do INSS. Eles foram contemplados com dois ministérios importantes já no início do governo Lula 3: Agricultura e também Minas e Energia. Já 13 (29,55% da bancada) deputados da sigla apoiaram a iniciativa da oposição.
Essa alta adesão do PSD acontece num momento em que a bancada entendeu que não deve ser contemplada por Lula com novos espaços. Atualmente, os deputados dessa sigla contam apenas com o ministro da Pesca, André de Paula, como representante na Esplanada. Eles esperavam levar as Comunicações ou Ciência e Tecnologia, mas essa possibilidade esfriou.
Primeiramente porque Lula decidiu manter o MCom com o União Brasil quando Juscelino Filho deixou a pasta após ser alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas. Segundo, porque esperavam que Luciana Santos deixaria o MCTI para o Ministério das Mulheres, abrindo espaço na Esplanada para o PSD.
Como Lula trocou Cida Gonçalves e colocou outra petista no comando do Ministério das Mulheres, as chances de uma reforma ministerial nos moldes do que o Centrão gostaria esfriaram consideravelmente.