O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou a realização de perícia para saber onde está o dinheiro da construtora Camargo Corrêa. Como mostrou a coluna, há suspeita de esvaziamento patrimonial do grupo para blindar os responsáveis e evitar o pagamento de credores e de acordos de leniência firmados no âmbito da operação Lava Jato.
A ação foi movida pelo Bradesco. O banco é um dos principais credores da construtora, que apresentou pedido de recuperação judicial em dezembro de 2024. O Bradesco alega que a Camargo Corrêa distribuiu mais de R$ 2 bilhões em dividendos desde 2015, levando o grupo à recuperação judicial, enquanto os seus acionistas continuam ricos.
O Bradesco solicitou na Justiça acesso a documentos e uma auditoria econômico-contábil “com a indicação precisa da destinação que foi dada a esses recursos – isto é, se foram usados para pagar multas e reforçar o funcionamento da sociedade ou se foram distribuídos aos acionistas controladores”.
A decisão desta terça-feira (6/5) é uma resposta a um recurso do grupo Mover — novo nome da Camargo Corrêa — que, antes mesmo de ser notificada sobre o processo, recorreu apontando a incompetência da 4ª Vara Cível do TJSP, onde o caso tramita.
O juiz Rodrigo Marinho negou o pedido e determinou a realização de perícia para “análise do período posterior à concessão de crédito pela parte autora [Bradesco], com o propósito de apurar eventual desvio patrimonial, incumbindo ao expert indicar a documentação necessária ao exame dos fatos e circunstâncias indicados”.