Produção industrial supera expectativas e tem melhor março em 7 anos

Em um resultado considerado surpreendente pelo mercado, a produção industrial brasileira registrou um forte crescimento em março deste ano, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (7/5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


O que aconteceu

  • No terceiro mês do ano, a indústria nacional teve uma expansão de 1,2% em relação a fevereiro.
  • Já na comparação com março do ano passado, a alta da produção industrial foi de 3,1% – foi a 10ª taxa positiva consecutiva e a maior desde outubro de 2024.
  • No acumulado do ano, segundo o IBGE, a indústria registra alta de 1,9%. No período de 12 meses até março, o crescimento é de 3,1%.
  • O resultado de março foi o melhor para o mês desde 2018, quando o avanço ficou em 1,4%.
  • O desempenho da indústria ficou muito acima das expectativas do mercado. A projeção média dos analistas indicava alta mensal de 0,3% e crescimento anual e 1,4%.

Categorias econômicas e ramos industriais

Ainda de acordo com os dados do IBGE, três das quatro grandes categorias econômicas e 16 dos 25 segmentos industriais pesquisados tiveram expansão em março, na comparação com o mês anterior.

Entre as atividades analisadas, os maiores resultados positivos ficaram com coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,4%), indústrias extrativas (2,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (13,7%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4%).

Também houve altas importantes nos setores de confecção de artigos do vestuário e acessórios (4,1%), de móveis (5,6%), de máquinas e equipamentos (1,7%), de produtos diversos (5%) e de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (3%).

Por outro lado, entre as nove atividades que registraram queda na produção em março, os maiores impactos sobre o resultado final da indústria ficaram com produtos químicos (-2,1%) e produtos alimentícios (-0,7%).

Outras influências negativas relevantes, de acordo com o IBGE, vieram de impressão e reprodução de gravações (-9,2%) e de metalurgia (-1%).

Repercussão

Após a divulgação dos dados pelo IBGE, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nota em que analisou o resultado do setor em março.

A entidade afirmou que, “a despeito da surpresa positiva em março, no 1º trimestre de 2025, a indústria geral continuou apresentando baixo dinamismo, movimento já observado nos últimos meses de 2024”.

“O cenário externo mais adverso corresponde a um desafio adicional para a atividade industrial e, em especial, para setores que eventualmente sejam diretamente afetados pelas tarifas”, pondera a Fiesp.

“Além do possível impacto direto da aplicação de tarifas, o setor industrial pode ser afetado pela menor demanda externa diante da desaceleração do crescimento global, e pelos efeitos negativos sobre os investimentos financeiros e produtivos devido ao elevado nível da incerteza global.”

De acordo com a Fiesp, “a atividade industrial – setor altamente cíclico – também deverá desacelerar, em consequência, sobretudo, da política monetária contracionista em um ambiente marcado por condições financeiras já restritivas”.

“O patamar elevado das taxas de juros – tanto internacionais quanto domésticas – é o principal fator que tem contribuído para a manutenção das condições financeiras em terreno restritivo”, criticou a Fiesp, em dia de anúncio da nova taxa básica de juros pelo Banco Central (BC).

“Por outro lado, medidas do governo voltadas ao estímulo da demanda, como a liberação de recursos do FGTS e o crédito consignado privado para trabalhadores com carteira assinada, constituem vetores altistas para a atividade em 2025”, diz a Fiesp.

O economista Maykon Douglas, por sua vez, destaca que o resultado de março “foi o melhor do setor desde o fim do terceiro trimestre de 2024”.

“Desde então, a indústria vinha registrando uma difusão abaixo da média histórica e um mix entre quedas e variações nulas. Podemos dizer que março foi, principalmente, um movimento de recuperação, sobretudo para os bens de consumo”, analisa.

“No entanto, a fraca alta na comparação trimestral e a queda na produção de bens de capital, que é importante para o investimento no PIB, mostram que o setor perdeu ritmo à medida que sente o aperto monetário. No momento, espero que esse desempenho relativamente mais tímido continue”, conclui.

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