O conclave, reunião de cardeais para escolher o novo papa, prossegue nesta quinta-feira (8/5). Entre os 133 religiosos que votarão para nomear o próximo líder da Igreja Católica estão sete cardeais brasileiros.
Para o diácono Alexandre Varela, Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, é o nome mais indicado entre eles caso o processo entre em impasse e exija uma escolha de consenso.
Segundo Varela, o perfil conciliador de Orani, somado à capacidade de diálogo com diferentes correntes da Igreja, o torna uma alternativa viável em um cenário de indefinição.
Assista:
“Ele representa um avanço comedido, que agrada ao conservadorismo. É um cardeal que conversa com todo mundo, absurdamente conciliador e agregador”, avaliou.
Embora não esteja entre os favoritos iniciais, o nome de Orani pode ganhar força se as votações se prolongarem sem acordo. O diácono acredita que, nesse contexto, o Colégio de Cardeais tende a buscar alguém com postura moderada, capaz de promover unidade.
“Não acredito nos extremos. Vamos acabar olhando para o mais moderado, porque é justamente o momento que a Igreja vive”, destacou.
Com 75 anos, Orani teria um perfil semelhante ao de Francisco, eleito aos 76 anos e com um pontificado que durou 12 anos. Varela observa que esse fator pode ser visto como positivo, pois representa uma liderança de médio prazo — nem curta demais, nem excessivamente prolongada.
Brasileiros no conclave
Natural de São José do Rio Pardo (SP), Orani ingressou na Ordem dos Monges Cistercienses e teve formação em filosofia e teologia em instituições de São Paulo e Minas Gerais. Foi ordenado presbítero em 1974, nomeado bispo em 1997 pelo papa João Paulo II e assumiu a Arquidiocese do Rio de Janeiro em 2009. Tornou-se cardeal em 2014, por nomeação do papa Francisco.
O Brasil tem atualmente oito cardeais. Desses, sete estão aptos a votar no conclave: além de Orani, participam Sérgio da Rocha (Salvador), Jaime Spengler (Porto Alegre), Odilo Scherer (São Paulo), Paulo Cezar Costa (Brasília), João Braz de Aviz (Brasília, emérito) e Leonardo Ulrich Steiner (Manaus).
Raymundo Damasceno, de 88 anos, está fora da eleição por ter ultrapassado a idade-limite de 80 anos, conforme previsto pela Constituição Apostólica.
Apesar da ampla representatividade, Varela vê em Orani o nome com maior capacidade de agregação. “Se o conclave chega ao terceiro ou quarto dia, essas barreiras caem. Você começa a procurar um nome que possa ser de consenso. Aí, eu acho que Orani ganha mais chance. Não seria surpresa se ele aparecesse naquela sacadinha vermelha”, disse.
Além da atuação pastoral, a trajetória de Orani é marcada por um episódio curioso na infância. A religiosa Lourdinha Fontão, considerada “serva de Deus”, teria dito à mãe de Orani: “Seu filho vai ser bispo e, depois, papa”.