De Dortmund, Alemanha — A Amazon introduziu o novo robô Vulcan na última quarta-feira (7) durante o evento Delivering the Future, em Dortmund, na Alemanha. A novidade pode ser usada para colocar e remover itens nas prateleiras dos estoques da empresa com noção de força e profundidade, sem danificar o que há ao redor.
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Considerado um marco da “robótica 2.0” pela empresa, o Vulcan combina engenharia e IA física para trazer o “senso de toque”, segundo o Diretor de Ciência Aplicada da Amazon, Aaron Parness. A expectativa é de que a ferramenta agilize os processos de coleta e armazenagem nas instalações da companhia e ainda reduza problemas de falta de ergonomia pelos funcionários.
O Canaltech esteve em Dortmund para conferir o robô em ação e conversou com responsáveis pelo projeto:
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- Como o Vulcan funciona
- Robótica 2.0
- Tentativa e erro
- Impacto nos funcionários
Como o Vulcan funciona
O Vulcan foi criado para resolver um problema comum na robótica em centros de distribuição: robôs com noção de espaço, mas com dificuldades para entender se existem objetos próximos ou como movimentá-los sem comprometer o que está em volta. Aaron Parness chama isso de “numb and dumb” (“entorpecido e estúpido”, em tradução livre).
O novo robô é equipado com sensores e câmeras para entender o contexto espacial e como deve fazer o contato com o objeto sem prejudicá-lo. Um feedback de força permite saber o impacto ideal que precisa ser feito sobre o produto, enquanto a visão computacional analisa o que há ao redor.
A tecnologia permite que o Vulcan seja usado nas prateleiras dos estoques da Amazon, compostas por pequenas cabines que abrigam até 10 objetos.
Existem duas versões: uma para armazenamento, com duas grandes espátulas no braço robótico que pegam o objeto da esteira e o colocam dentro das prateleiras; e outra para coleta, equipada com uma câmera para localizar os itens e uma ventosa para puxá-los.
“Outros robôs normalmente olham para o ambiente e não o sentem, só movem o braço sem feedback. Então, muitos robôs anteriores coletam itens de uma superfície plana e só os levantam. [O Vulcan] tem que entender o que fazer no espaço, carregar itens sem deixar cair, colocar e tirar”, explica o cientista principal da Amazon Robotics e um dos responsáveis pelo projeto, Nicolas Hudson.

Robótica 2.0
O termo “Robótica 2.0” foi mencionado pela empresa para simbolizar uma nova era no setor impactado pela inteligência artificial. Hudson, que trabalha com robótica há 20 anos, entende que não houve um “salto” para a nova geração, mas um progresso contínuo no desenvolvimento de novas tecnologias.
O destaque desse novo termo, no entanto, é a possibilidade de ganhar mais contexto e informações em tempo real com ajuda de IA.
“A grande mudança é ganhar contexto com IA, então entendemos onde os itens estão, podemos perguntar ou deixar que o sistema aprenda quanta força colocar, qual ação fazer. Pensando em 10 anos atrás, muita parte disso era programada diretamente por engenheiros e acho que isso ajuda a tornar escalável”, explica.
Tentativa e erro
Cada robô do Vulcan consegue gerenciar até 300 objetos por hora, mas isso não impede que problemas surjam no meio do caminho. Durante a demonstração, o robô de coleta não conseguiu puxar um livro da forma correta e o deixou preso na prateleira — alguém receberia um produto com a capa amassada nesse caso.
Quando isso acontece, o Vulcan para o que está fazendo e o próprio “raciocínio” dos modelos de IA trabalha para desenvolver uma solução.
O rastreamento opera com frequência de 15 Hz e identifica possíveis falhas. “Se parece que não vai sair direito, ele para e tenta algo diferente, tem um feedback bem imediato”, explica Nicolas Hudson.
É importante destacar que todas essas informações coletadas são usadas para melhorar os modelos do robô ao longo do tempo — Hudson explica que as IAs passam por novos treinamentos em intervalos de duas a seis semanas. “Nós usamos toda essa informação para criar novos e melhores modelos preditivos de novo”.

Impacto nos funcionários
Um dos objetivos do novo robô é remover tarefas repetitivas no ambiente de trabalho e prevenir acidentes. O Vulcan é capaz de atingir as partes mais altas e mais baixas de uma prateleira de estoque, o que evita possíveis problemas ergonômicos para um humano.
Além disso, a ferramenta ajudou a reduzir o uso de escadas durante os testes. O trabalho ainda precisa de supervisão humana e a empresa estima que um funcionário consiga gerenciar três robôs ao mesmo tempo.
A versão de armazenamento do robô já é testada em centros de distribuição da Amazon em Hamburgo, na Alemanha, e no estado de Washington, nos Estados Unidos.
O jornalista viajou à Alemanha a convite da Amazon.
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