A Comissão de Esporte do Senado (CEsp) aprovou por unanimidade, na quarta-feira (7), requerimento para convocar o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, para prestar esclarecimentos sobre denúncias de irregularidades à frente da entidade. A data dessa audiência pública ainda será agendada.
O depoimento foi solicitado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) por meio de um requerimento: o REQ 12/2025 – CEsp. Ele também defende a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso.
Girão afirma que a convocação se justifica diante dos indícios de favorecimento indevido e suposto conflito de interesses envolvendo decisões judiciais que permitiram a recondução de Ednaldo Rodrigues à presidência da CBF.
O senador também citou a celebração de um contrato da CBF com o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que tem entre seus fundadores o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, como motivo de suspeita quanto à atuação do ministro.
“O que muito me preocupa é essa confusão entre o público e o privado. Nós temos o dever de averiguar isso. O futebol brasileiro não é de dirigentes, é do povo brasileiro, e essa audiência é um passo para trazer mais transparência ao que está acontecendo dentro da CBF”, declarou Girão ao defender seu requerimento.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), especialista em direito esportivo, apoiou a convocação de Ednaldo Rodrigues. Portinho cobrou esclarecimentos sobre a gestão da entidade, citando denúncias sobre contratos, suposta falsificação de assinaturas e interferência política na estrutura da CBF.
A presidente da CEsp, senadora Leila Barros (PDT-DF), reforçou o compromisso com a transparência e propôs que a audiência seja realizada o mais breve possível.
Para o senador Chico Rodrigues (PSB–RR), são necessárias as devidas explicações do presidente da CBF, tanto para os atletas quanto para todos os brasileiros.
Além da convocação do presidente da CBF, a Comissão de Esporte também discutiu a urgência de investimentos no esporte de base e o papel social do futebol no Brasil. Para Leila Barros, o futebol é um “patrimônio” do Brasil e influencia a formação de futuros atletas, com jovens jogadores saindo cada vez mais cedo do país.
“Como é que se cria uma identidade com o país? Nós nem podemos cobrar desses jovens. Nós temos de cobrar das entidades, daqueles que cuidam do esporte, como esses jovens e suas famílias estão sendo tratados. O futebol não é de dirigente! O futebol brasileiro não é de dirigente, não é de uma casta! O futebol brasileiro é do povo brasileiro. E nós, aqui, como representantes do povo brasileiro, temos de cumprir o nosso papel”, disse a presidente da CEsp.
Ministro do STF nega pedido de afastamento de Ednaldo Rodrigues da CBF
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes negou, na quarta-feira (7), o pedido de afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), Mendes não reconheceu duas petições apresentadas pela deputada federal Daniela do Waguinho (União-RJ) e pelo vice-presidente da CBF, Fernando Sarney, que solicitavam a suspensão do acordo que permitiu a permanência de Rodrigues no cargo.
Na decisão, Gilmar Mendes não reconheceu as petições, sob a justificativa de ‘falta de legitimidade dos requerentes para atuar em ação de controle concentrado’. O ministro apontou, também, que é ‘manifestamente incabível o pedido de afastamento do presidente da CBF’.
“Não há que se falar em reconsideração da decisão cautelar, uma vez que ela já esgotou os efeitos e não mais vigora, dada a insubsistência dos requisitos fáticos e jurídicos que outrora legitimaram o seu provimento”, rechaçou o ministro do STF.
Por outro lado, Mendes determinou a ‘apuração imediata e urgente’ das denúncias de suposta fraude na assinatura de um signatário no acordo homologado no STF que extingiu o mérito e garantiu a permanência de Ednaldo no comando da confederação.
Para tal, Mendes ponderou que as petições enviadas ao STF ‘trazem notícias e graves suspeitas de vícios de consentimento, capazes de macular’ o acordo homologado. Por isso, determinou que as acusações deverão ser analisadas no âmbito da Ação Civil Pública (ACP) que originou o acordo, movida no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Fontes: Agência Senado e Terra