Superbactéria de hospitais pode comer plástico e degradar dispositivos médicos

Um artigo publicado na última quarta-feira (7) na revista Cell Reports revelou que a enzima encontrada na bactéria hospitalar Pseudomonas aeruginosa é capaz de degradar plásticos utilizados em equipamentos médicos. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Brunel, no Reino Unido, e pode ajudar a explicar por que essa superbactéria persiste em ambientes hospitalares considerados estéreis.

  • Quem nasceu primeiro, o vírus ou a bactéria?
  • OMS lista 15 bactérias que colocam em risco a saúde humana

Os pesquisadores identificaram uma enzima chamada Pap1 em uma cepa da superbactéria, retirada de uma ferida humana. Essa enzima foi capaz de degradar até 78% do plástico policaprolactona (PCL), material biodegradável amplamente utilizado em suturas, curativos, implantes e stents. Até então, acreditava-se que apenas bactérias ambientais possuíam essa capacidade de decompor plásticos.

O estudo demonstrou que, ao inserir o gene responsável por codificar a Pap1 na bactéria Escherichia coli, foi possível reproduzir a capacidade de degradação do PCL. Quando a enzima era removida da P. aeruginosa, ela perdia a habilidade de digerir o material, confirmando o papel direto da Pap1. Além disso, a exposição ao plástico estimulava a formação de biofilmes bacterianos, estruturas que aumentam significativamente a resistência aos antibióticos.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Superbactéria hospitalar Pseudomonas (Imagem: CDC/ Janice Haney Carr)

Esse mecanismo representa uma ameaça à integridade de dispositivos médicos e à recuperação dos pacientes. Em testes com larvas da traça-da-cera, os pesquisadores observaram que a presença de implantes de PCL tornou as infecções mais letais. O plástico servia como substrato para a bactéria e ainda intensificava sua virulência.

O estudo levanta um alerta sobre o uso de plásticos em ambientes clínicos e sugere que outros materiais usados na medicina, como PET e poliuretano, também podem estar vulneráveis à superbactéria.

Leia também:

  • É possível “impedir” as superbactérias e a resistência antimicrobiana
  • Resistência antimicrobiana já está entre as principais causas de morte no mundo

VÍDEO | POR QUE NÃO PODEMOS COMER OU BEBER ANTES DE UMA ANESTESIA GERAL?

 

Leia a matéria no Canaltech.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.