Ex-mulher criou emboscada e viu professora sendo atacada, diz polícia

São Paulo — A veterinária Fernanda Fazio, de 45 anos, ex-mulher de Fernanda Bonin, de 42, presenciou o momento em que a professora foi abatida por suspeitos que ela mesma contratou para executar o crime. A informação foi relevada nessa sexta-feira (9/5) pela Polícia Civil em entrevista coletiva, na sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no centro de São Paulo.

O corpo da vítima foi encontrado no dia 28 de abril em um terreno baldio na Vila da Paz, na zona sul paulistana, com um cadarço envolto no pescoço, indicando sinais de estrangulamento.

Fazio atraiu a ex-companheira para uma emboscada alegando que estava com problemas na marcha do carro. A veterinária estava na esquina das avenidas Jaguaré e Torres de Oliveira, na zona oeste de São Paulo, e mandou a localização para a vítima.

Câmeras de segurança flagraram Fernanda Bonin saindo de carro do seu apartamento no Jaguaré (veja abaixo) para ir até o endereço enviado pela ex. Ao chegar no endereço, a professora foi abatida por três criminosos, que utilizavam uma faca: Rosenberg Joaquim de Santana, conhecido como Bergui, Ivo Rezende dos Santos e João Paulo Bourquim, flagrado por câmeras de segurança “desovando” o carro da vítima após o crime.

Os suspeitos colocaram a vítima no carro dela e deixaram o local. Fazio presenciou a cena. A polícia tem imagens que indicam que pelo menos um dos filhos do casal estava no carro da suspeita no momento do crime.

Veja:

 

 

Após a professora ser levada, Fazio foi até o apartamento da vítima para construir o seu álibi. Ela alegou que foi devolver as crianças do casal, mas que não encontrou a ex-companheira, segundo informou o delegado Artur Dian.

No dia seguinte, ao notar que a professora não havia aparecido no trabalho, acionou a Polícia Militar e retornou ao edifício, onde viu as imagens de câmera de segurança da esposa saindo da garagem por volta das 18h52.

Cinco suspeitos

Até o momento, a polícia trabalha com cinco envolvidos no homicídio. Dois já foram presos: João Paulo Bourquim e Fernanda Fazio, ex-companheira da mulher e apontada como a mandante do crime.

A polícia ainda não sabe onde estão outros dois suspeitos: Rosenberg Joaquim de Santana e Ivo Rezende dos Santos estão foragidos, após um mandado de prisão preventiva ter sido expedido ao longo das investigações.

Uma mulher, cuja identidade ainda não foi divulgada, é investigada após aparecer nas filmagens junto com João Paulo desovando o carro da professora. Ela seria a quinta envolvida na morte da professora.


Quem são os suspeitos

  • Fernanda Fazio, ex-esposa da vítima, é apontada pela polícia como mandante do crime. Ela foi presa nessa sexta-feira (9/5).
  • Rosemberg Joaquim, “faz-tudo” de Fernanda, teria planejado e cooptado outros suspeitos para cometer o assassinato. Ele está foragido.
  • João Paulo foi preso na quinta-feira (8/5). Segundo a investigação, ele é uma das pessoas registradas por câmeras de segurança que abandona o carro da professora após o crime.
  • Ivo Rezende teria sido cooptado por Rosemberg e está foragido. A polícia acredita que ele também tenha participado do crime.
  • Uma mulher, cuja identidade não foi divulgada, aparece nas imagens junto com João Paulo, abandonando o carro da professora. A polícia pedirá a prisão preventiva dela.
  • À polícia, João Paulo afirmou que a mulher é uma amiga e que estava ali “comendo um lanche” com ele, quando Rosenberg ofereceu “cinquentão” para se desfazer do carro.

Segundo o delegado geral da polícia paulista, Artur Dian, Rosenberg e Fazio tinham uma relação próxima de amizade e trocavam mensagens rotineiramente. Os dois teriam se conhecido a partir do momento em que a mulher se mudou após o divórcio com a professora, há cerca de um ano, e o homem teria virado uma espécie de “faz-tudo” dela, auxiliando em demandas do cotidiano.

A polícia acredita que em uma dessas trocas de mensagem, Fazio pediu para que Rosenberg elaborasse o assassinato da ex-companheira. Apesar disso, a  corporação ainda não tem certeza em que momento isso aconteceu. Além disso, as autoridades buscam confirmar se houve um pagamento por parte da mandate ao amigo e descobrir quanto foi esse valor.

Dinâmica do crime

Em relação à dinâmica do crime, as autoridades também ainda não descobriram se a professora foi morta no momento em que foi abatida pelos três suspeitos (João Paulo, Rosenberg e Ivo Rezende) na esquina da Avenida Jaguaré com a Avenida Torres de Oliveira, na zona oeste de São Paulo, ou no local onde seu corpo foi encontrado, a cerca de 25 quilômetros do ponto inicial.

A motivação também ainda está sendo apurada pelas investigações. A hipótese trabalhada como mais provável é que Fazio não se conformava com o término do relacionamento com a vítima.

Uma segunda teoria levantada pela polícia seria o fato de Fernanda Bonin ter um seguro de vida, cujo o valor variava entre R$ 400 mil e R$ 500 mil. De acordo com as autoridades, a mandante do crime é veterinária e possui uma clínica que não aparentava estar caminhando muito bem financeiramente. Por outro lado, a família da professora contou que a vítima era reconhecida na Europa e que tinha a possibilidade de lecionar no exterior em breve.

No momento da detenção de Fernanda Fazio, a advogada da presa afirmou que a segunda hipótese não faz sentido, visto que os beneficiários do seguro seriam os filhos do casal, que estavam sob a guarda de Bonin.

Pela motivação mais provável envolver o término do relacionamento, o crime foi tipificado como feminicídio.


Quem era a professora

  • Fernanda Reinecke Bonin era professora de matemática e lecionava para adolescentes na Beacon School.
  • Em nota ao Metrópoles, a escola afirmou ter ficado “extremamente comovida com o falecimento da querida professora Fernanda Bonin”.
  • “Fernanda marcou profundamente a vida de muitos estudantes e colegas com sua dedicação, sua gentileza e seu compromisso com a educação, e deixará muita saudade. É uma notícia que impacta toda nossa comunidade escolar”, diz a nota.
  • A instituição de ensino ainda afirmou que ofereceu todo o apoio necessário às equipes e aos alunos.
  • À polícia, a família da professora afirmou que a vítima era muito reconhecida na Europa e que tinha a possibilidade real de ir lecionar no exterior.
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