Em um dia de alívio nos principais mercados globais por causa do anúncio do acordo entre Estados Unidos e China pela diminuição das tarifas comerciais por 90 dias, o dólar operava em alta nesta segunda-feira (12/5), com maior otimismo dos investidores em relação ao arrefecimento da guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo.
Dólar
- Às 9h06, a moeda norte-americana avançava 0,31% e era negociada a R$ 5,672.
- Na última sexta-feira (9/5), o dólar fechou em queda de 0,11%, cotado a R$ 5,65.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 0,39% no mês e de 8,5% no ano.
Acordo EUA-China
EUA e China concordaram em reduzir substancialmente as tarifas sobre os produtos um do outro por 90 dias, após as negociações desse fim de semana. Em Genebra, na Suíça, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, afirmou que “ambos os lados reduzirão suas tarifas em 115%”, tendo concordado com uma pausa de 90 dias na guerra comercial.
Isso representa redução significativa nesta disputa comercial que eclodiu no mês passado, provocada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Os EUA aumentaram sua tarifa sobre produtos importados da China para 145% – incluindo a tarifa de 20% adicionada para combater as importações de fentanil –, com Pequim retaliando com tarifas de 125% sobre as importações norte-americanas.
Bessent disse a repórteres que “ambos os lados demonstraram grande respeito” durante as negociações e que “ambos temos interesse em um comércio equilibrado”.
O embaixador comercial dos EUA, Jamieson Greer, também explicou por que o governo Trump estava determinado a reformular o comércio global.
Greer afirma que os EUA passaram décadas na Organização Mundial do Comércio (OMC) realizando negociações multilaterais e bilaterais, tentando fazer com que outros países reduzissem suas tarifas e barreiras não tarifárias e concordassem com um comércio mais recíproco com os EUA.
“A promessa da OMC e do sistema multilateral é que as tarifas de todos seriam reduzidas”, mas “acontece que os EUA reduziram significativamente”, disse Greer a repórteres em Genebra.
Segundo ele, havia outras economias que também tinham tarifas baixas, mas mantinham barreiras não tarifárias muito altas. “Nos esforçamos muito para trabalhar dentro do sistema. E o resultado líquido é o déficit de US$ 1,2 trilhão em bens; o resultado líquido é que a produção foi para a China, o Leste Asiático, o México etc.”, ressaltou.
“Dessa forma, não é realista sugerir que os EUA deveriam simplesmente ter continuado a negociar”, acrescentou.
Mercado diminui projeção de inflação
No cenário doméstico, as atenções dos investidores se dividem nesta segunda-feira entre as novas estimativas do Relatório Focus, do Banco Central (BC), sobre indicadores econômicos do país e declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em entrevista.
Analistas do mercado financeiro reduziram a estimativa para a inflação deste ano e do próximo do ano seguinte. No entanto, os economistas não fizeram mudanças nas projeções de 2027 e 2028.
É o que dizem os dados do relatório Focus, divulgados nesta manhã. A projeção da inflação de 2025 caiu, pela quarta semana seguida, passando de 5,53% para 5,51% — ainda acima do teto da meta deste ano, que é de 4,5%. Mesmo com as mudanças, as expectativas do mercado seguem distantes do chamado “horizonte relevante” e da meta inflacionária.
Em 2025, a meta inflacionária é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual – isto significa, com piso de 1,5% e teto de 4,5%. Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.
Isso porque, a partir deste ano, a meta de inflação é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Se o acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
O mercado financeiro também fez alterações nas estimativas para a inflação de 2026. As expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuaram de 4,51% para 4,50% — voltando para dentro da meta.
Os investidores também repercutem a entrevista concedida pelo ministro da Fazenda, Fernando Hadad, ao portal UOL.
Bolsa de Valores
As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
No último pregão da semana passada, na sexta-feira, o indicador fechou em alta de 0,21%, aos 136,5 mil pontos.