Rio de Janeiro – Em 2024, o ensino médio em tempo integral na rede estadual do Rio de Janeiro sofreu um retrocesso, com uma redução de 3.700 matrículas em comparação a 2022, segundo dados do Censo Escolar. As informações são de O Globo.
Apenas 14,9% dos estudantes estavam nesse modelo, abaixo da média nacional de 24,2%, colocando o estado entre os piores do país nesse quesito.
Retrocesso fluminense
Enquanto estados como Pernambuco atingem 69,6% de cobertura no ensino médio integral, o Rio de Janeiro segue na contramão. Entre 2022 e 2024, Ceará, Bahia e Piauí adicionaram dezenas de milhares de matrículas ao modelo, mirando 100% de cobertura.
Benefícios ignorados
Estudos do Instituto Sonho Grande e da Fundação Natura indicam que alunos do tempo integral aprendem até um ano a mais em Matemática. Além disso, há redução da vulnerabilidade social e melhor preparação para o mercado de trabalho.
Depoimentos que falam por si
Pedro Henrique Faria Soares, 17, estudante da Faetec de Quintino, reconhece os desafios e ganhos da rotina integral:
“É cansativo. Mas poderei me preparar melhor tanto para uma faculdade quanto para o mercado de trabalho.”
Sua mãe, Izabelle Christina Faria de Deus, 43, também vê vantagens:
“Além do ensino, é importante que os alunos tenham atividades complementares. Todas as escolas deveriam ser assim.”
Desempenho estagnado
Com nota 3,3 no Ideb de 2023, a rede estadual do Rio voltou à penúltima colocação entre os estados, mesma posição de 2011. A Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) afirma ter aumentado o número de escolas em tempo integral de 428 para 437 em 2025, atendendo 58.906 estudantes.
Investimento federal subutilizado
O Programa Escola em Tempo Integral, criado em 2023, destinou R$ 161,7 milhões ao estado do Rio, sendo R$ 19,1 milhões para a rede estadual, viabilizando 11.305 novas matrículas. Os municípios receberam R$ 142,6 milhões, criando 31.340 vagas no modelo integral.
Especialistas alertam
Bernardo Baião, do Todos pela Educação, destaca:
“Defendemos a expansão do tempo integral para que o aluno desenvolva o protagonismo juvenil e participe de atividades mais lúdicas.”
A ampliação do tempo na escola, embora positiva, precisa ser acompanhada de qualidade e propósito. Sem isso, o risco é que o tempo maior em sala não se traduza em mais aprendizagem — um desafio que o Rio ainda precisa enfrentar de forma consistente.
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