Violência contra mulheres no Brasil tem aumento alarmante

Brasília – A violência contra mulheres segue em alta no Brasil, apesar da narrativa oficial de que “os homicídios estão sob controle”. Em 2023, foram 275.275 agressões notificadas, alta de 24% em relação ao ano anterior, segundo o Atlas da Violência 2025, publicado por Ipea e Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta segunda (12).

Enquanto a taxa geral de homicídios estacionou, o número absoluto de mulheres assassinadas aumentou: foram 3.903 vítimas em 2023, uma alta de 2,5% sobre 2022.

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Números que escondem uma tragédia anunciada
Por trás da suposta estabilidade nos homicídios está uma curva crescente de violência silenciosa que atinge, em cheio, as mulheres brasileiras. Quase dois terços dos casos — 64,3% — aconteceram dentro de casa. Ou seja, o lar continua sendo o lugar mais perigoso para elas.

Foram 177 mil registros de violência doméstica, seguidos por 59 mil de violência comunitária, 34 mil mista e quase 4 mil institucionais, ou seja, dentro de espaços como escolas, empresas ou órgãos públicos. Todos os tipos aumentaram.


Corpo agredido, mente também
A pancada física ainda é a agressão mais comum, mas não está sozinha. Em 37,4% dos casos, a violência foi física. Mas em 30,3%, o sofrimento veio em combo: múltiplas formas de abuso num só pacote. Já a negligência respondeu por 12% dos registros, e os ataques psicológicos e sexuais atingiram respectivamente 10,1% e 9,5% das mulheres.


Violência tem idade
Entre meninas de até 9 anos, quase metade dos casos (49,5%) é de negligência. Dos 10 aos 14, a violência sexual lidera com 45,7%. Dos 20 aos 69, o padrão é porrada física mesmo. Passou dos 70? Volta a reinar o abandono.


Feminicídio é só a ponta
Para a pesquisadora Manoela Miklos, do Fórum de Segurança, o feminicídio não nasce do nada. “É o fim de um ciclo de violência”, explica. A resposta, segundo ela, exige mais que polícia: precisa de saúde mental, acesso real à Justiça e autonomia financeira. Em outras palavras, política pública de verdade.


Homens morrem menos, mulheres seguem no alvo
Enquanto os assassinatos de homens estão em queda, as mortes de mulheres não param. “É outra lógica de crime, outro perfil de agressor”, lembra Miklos. Por isso, jogar tudo no mesmo saco estatístico é tapar o sol com a peneira. Tem que ter segurança pensada para mulheres.


O recorte de raça escancara o abismo
Mulheres negras foram 68,2% das vítimas em 2023. Foram 2.662 homicídios, resultado direto da mistura tóxica entre machismo estrutural e racismo de manual, como aponta o próprio relatório.


Roraima é o retrato da desigualdade
O estado de Roraima lidera o ranking: 10,4 mortes de mulheres por 100 mil habitantes — quase três vezes a média nacional. Segundo o estudo, a presença do garimpo ilegal pode estar diretamente ligada ao aumento da violência na região.


Dados oficiais ainda são só a ponta do iceberg
Os números vêm de sistemas como o SIM (Ministério da Saúde) e o Sinan, mas não incluem registros policiais. Ou seja: há subnotificação, e a tragédia pode ser ainda maior do que o Atlas consegue mostrar.

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