Uma treta entre influenciadoras adolescentes dominou as redes sociais na última semana. O episódio, protagonizado por Duda Guerra e Antonela Braga durante uma viagem a Gramado (RS), desencadeou uma série de desentendimentos públicos, indiretas online, perda de amizades e especulações sobre o cotidiano do grupo.
A briga chegou a fazer com que Angélica, até então sogra de Duda Guerra, se pronunciasse após deixar uma curtida polêmica sobre a nora. A mãe de outra influencer envolvida na confusão também se manifestou. Mas, por trás dos memes, aparece uma questão central: quais são os limites da autoridade parental sobre filhos menores que se tornam celebridades mirins?
Para entender melhor o assunto, a advogada de família Bárbara Heliodora, diretora jurídica da Associação Henry Borel, chamou atenção para os desafios que a tecnologia e a popularidade digital impõem à dinâmica familiar.
“A relação entre pais e filhos nunca foi simples, mas os desafios da era digital trouxeram novas questões sobre até onde vai à autoridade dos pais na vida dos filhos. No contexto atual, onde a tecnologia desempenha um papel cada vez maior no cotidiano das crianças e adolescentes, é necessário que os pais repensem os limites da autoridade parental, especialmente no que diz respeito à supervisão do uso de dispositivos e redes sociais. A questão do controle parental e como ele é exercido têm sido amplamente discutidas, principalmente quando se trata da exposição de menores na internet”, observou Bárbara.
Embora acumulem seguidores, parcerias e contratos, as adolescentes envolvidas nas polêmicas continuam sob responsabilidade dos pais — tanto nos bastidores das redes quanto diante das consequências emocionais e reputacionais de tanta visibilidade. A reação de adultos ligados ao grupo, incluindo tentativas de moderação e desentendimentos familiares, evidencia o peso desse papel de supervisão em público e privado.
Bárbara ressaltou que, em temas ligados à tecnologia, a autoridade dos pais deve ser exercida com muito equilíbrio: “A autoridade parental, no contexto atual, não pode ser uma imposição autoritária, mas sim uma prática equilibrada, que respeite a privacidade dos filhos, ao mesmo tempo, em que os pais se mantenham vigilantes sobre os riscos do mundo digital”, afirmou a advogada.
Ainda segundo ela, nenhum controle é totalmente eficaz se não for acompanhado de diálogo: mesmo com boas intenções de proteção, muitos adolescentes burlam regras, o que intensifica a necessidade de escuta e educação para o uso consciente da tecnologia.
Para a especialista, os pais atuam como guias e apoio: “Os pais devem se posicionar como educadores, orientando sobre riscos e benefícios do ambiente digital, sem sufocar a relação familiar com regras excessivas ou punições desproporcionais. O mais importante é criar um espaço de confiança, para que o adolescente sinta segurança ao compartilhar dúvidas e desafios”.
Bárbara também alerta para a importância dos pais se manterem atentos aos riscos do mundo digital e não deixarem de exercer a autoridade.
“O responsável pelo menor que não exerce esse controle parental está de alguma forma sendo negligente. Os pais deixariam o filho conversar com estranhos em uma praça, por exemplo? Então porque deixá-lo conversar em chats on-line, com pessoas que ele nem sabe o rosto e a identidade verdadeira ? O mesmo se aplica ao conteúdo que as crianças e jovens hoje acessam, a família precisa ter conhecimento sobre. Em caso de pais divorciados, a regra se mantém. Ambos os pais têm direito de ter acesso ao controle parental e isso não pode ser recusado por nenhuma das partes”, concluiu a advogada.