O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) afirmou nesta terça-feira (13/5) que o cantor Gusttavo Lima o telefonava diariamente e pedia para não depor na CPI das Bets. O parlamentar soltou a informação ao vivo, durante o depoimento da influenciadora Virginia Fonseca à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga supostas irregularidades com apostas esportivas.
O músico sertanejo foi um dos alvos da CPI, mas até o momento escapou de convocação. O requerimento para obrigar Gusttavo Lima a sentar-se no banco das testemunhas foi aprovado em novembro de 2024, mas até o momento não se efetivou. O cantor não é um dos investigados.
“O Gusttavo Lima me ligava todo dia pedindo para não ser convocado”, disse Kajuru. Empresas do cantor foram suspeitas de ocultar valores e receber quase R$ 50 milhões de bets investigadas por suposta lavagem de dinheiro e jogos ilegais. Ele foi um dos alvos da Operação Integration e chegou a ter prisão solicitada, mas o pedido foi revogado. A investigação foi arquivada em dezembro e o artista não foi indiciado.
Momentos antes, o senador defendeu enfaticamente Virginia Fonseca, revelando ser amigo próximo do cantor Leonardo. A influenciadora é casada com o filho do músico sertanejo, Zé Felipe, que acompanha o depoimento da mulher no Senado.
“O que ela faz é testemunhar um produto. Não é ilegal, está pagando imposto. Não podemos questionar uma pessoa da integridade da Virgínia. Não é dona de bets. Se for, abandono meu mandato e faço voto de pobreza!”, disse Kajuru. Ela respondeu: “Vai morar lá em casa”. O senador da República completou: “seu sogro já me convidou”.
Kajuru ainda afirmou durante a sessão da CPI das Bets que considera Leonardo “um dos seus únicos irmãos”, alardeando manter uma amizade de mais de 40 anos com ele. O parlamentar ainda disse que o cantor faz campanhas de graça em Goiás, estado por onde o senador foi eleito. Ao final das falas, o presidente da CPI, Doutor Hiran (PP-RR), afirmou que não deixaria o colegiado virar “palco”.
Convocação de Virginia
A influenciadora foi convocada a pedido da relatora da CPI das Bets, Soraya Thronicke (União-MT). A comissão tem como objeto investigar “a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro, bem como o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades”.
Uma das suspeitas da CPI é de que a influenciadora ganharia uma porcentagem do dinheiro perdido por apostadores que entraram nas plataformas usando seu código de acesso. Ela negou: “A única cláusula sobre ganhos no meu contrato com a Esportes da Sorte dizia que, caso eu dobrasse o valor do lucro previsto no contrato, receberia 30% a mais da empresa. Os ganhos nunca foram condicionados ao número de apostadores”.