Em pesquisa publicada em abril no periódico Heart, cientistas descobriram que frequência, duração e velocidade da caminhada são elementos importantes para reduzir o risco de desenvolver anormalidades no ritmo cardíaco, as arritmias.
Entenda:
- O tipo mais comum de arritmia – a fibrilação atrial – resulta de problemas nas câmaras superiores do coração e pode desencadear derrame e outros problemas severos no órgão.
- De acordo com o estudo, caminhar em um ritmo “médio”, de cinco a seis quilômetros por hora, reduziu as chances de arritmia em 35%.
- Os resultados de andar em um ritmo acelerado, de mais de seis quilômetros por hora, foram ainda melhores, de 43%.
- Em contraste com os caminhantes lentos, aqueles que caminharam em ritmo médio ou rápido tiveram uma chance 27% menor de ter uma arritmia diagnosticada.
- Os pesquisadores analisaram dados de 420.925 participantes que relataram sua velocidade de caminhada por meio de um questionário no UK Biobank, um banco de dados biomédico.
- Além disso, foram utilizados dados de rastreadores de atividade que permitiram aos pesquisadores verificar a velocidade da caminhada de 81.956 pessoas.
- Ao longo de um período de acompanhamento de 13 anos, 36.574, ou 9%, dos participantes com dados autorrelatados foram diagnosticados com anormalidades no ritmo cardíaco, especialmente a fibrilação atrial.
Doutor em educação física e coordenador do curso de educação física do UNICEPLAC, Arilson Fernandes Mendonça de Sousa afirma que os resultados da análise estão em consonância com os observados ao longo dos últimos anos em diversos estudos. “A atividade física é fundamental para a saúde cardiovascular, principalmente, por reduzir importantes fatores de risco como, por exemplo, hipertensão e resistência à insulina”, detalha.
“Um ponto que merece atenção é que mais do que realizar atividade física é observar a intensidade com que ela está sendo realizada, pois realizar atividade física em intensidade mais alta pode proporcionar resultados mais promissores para a saúde cardiovascular”, destaca.
Características dos participantes do estudo
No estudo, os participantes que caminhavam mais rápido seguiam alguns padrões: eram homens, viviam em bairros menos carentes e tinham estilos de vida mais saudáveis. Além disso, eles costumavam ser mais magros, ter mais força e não tinham problemas metabólicos.
Os pesquisadores também investigaram outros fatores que influenciavam a associação entre caminhada e menor risco de arritmia. De acordo com eles, variáveis metabólicas e inflamatórias poderiam explicar 36% dessa ligação.
Entre os grupos que mais se beneficiaram com a caminhada, estão mulheres, pessoas com menos de 60 anos, indivíduos com índice de massa corporal (IMC) menor que 30, com hipertensão e com duas ou mais condições crônicas de saúde.
Dicas para começar a prática
De acordo com Arilson Fernandes Mendonça de Sousa, para quem deseja incluir caminhadas na rotina, o ideal é começar em um ritmo confortável e aumentar gradualmente a intensidade ao longo das semanas.
O expert afirma que, para identificar o ritmo, é bom utilizar o teste da fala: se der para conversar enquanto anda sem ficar ofegante, está leve; se é preciso um esforço para manter a conversa, moderado.
“Ao longo das semanas pode subir o ritmo, mas sempre respeitando os sinais do corpo e com uso de calçado e vestimenta adequados. Além disso, é importante observar o terreno em que se realiza a caminhada, assim, evite terrenos acidentados para evitar quedas”, recomenda.
Segundo o educador físico, apenas trinta minutos de caminhada média a acelerada na maioria dos dias da semana pode gerar os benefícios observados no estudo. “O tamanho dos efeitos positivos estará condicionado a fatores como idade, nível de condicionamento, presença de doenças crônicas, sono e alimentação”, acrescenta.

Contraindicações da caminhada
Apesar dos benefícios, a caminhada não é indicada para todo mundo. “Pessoas com problemas articulares ou com nível de obesidade alto devem buscar alternativas que gerem menor carga articular, como atividades no meio aquático”, ressalta Arilson.
Além disso, pessoas com problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca, arritmias ou pós-infartos, precisam de supervisão profissional para andar no ritmo acelerado. “É importante passar por avaliação médica prévia e buscar zonas de treinamento mais seguras, muitas vezes utilizando monitores de frequência cardíaca e escalas de percepção de esforço”, recomenda.
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