Cientistas recriam habitat dos “dinossauros polares” usando restos de plantas

Há cerca de 120 milhões de anos, a Austrália não era uma ilha continental isolada, mas sim parte de uma enorme massa de terra junto à Antártida, no círculo polar — que, à época, era mais quente e abrigava dinossauros. Com restos de pólen e esporos antigos, cientistas da Universidade de Melbourne conseguiram recriar o habitat dos dinos polares, com árvores coníferas e samambaias por todos os lugares.

  • Fóssil de “planta alienígena” sem relação com qualquer espécie é achado nos EUA
  • Caranguejo encontrado em âmbar viveu com os dinossauros há 100 milhões de anos

O círculo antártico recebe a mesma quantidade de luz há bilhões de anos, ficando no escuro durante grande parte do ano, mas, durante o período Cretáceo (145 a 66 milhões de anos atrás), as temperaturas eram entre 6º e 14º C mais quentes. Dinossauros conseguiam viver nessas condições, e muitos de seus fósseis foram achados na Austrália, mas a pesquisa atual focou em cerca de 300 amostras de pólen e esporos de 48 sítios da costa do estado de Victoria, no sul do país.

Florestas polares da Austrália

Os fósseis de planta estudados datam entre 130 milhões e 110 milhões de anos atrás, detalhando a evolução das florestas onde os dinossauros polares viviam. Publicado no periódico científico Alcheringa no último dia 7 de maio, o estudo contém a primeira reconstrução de um habitat polar do início do Cretáceo.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Ilustração baseada nos achados dos cientistas sobre a flora da Austrália na época em que ficava no círculo polar antártico, no Cretáceo (Imagem: Korasidis, Wagstaff/Robert Nicholls/Alcheringa)
Ilustração baseada nos achados dos cientistas sobre a flora da Austrália na época em que ficava no círculo polar antártico, no Cretáceo (Imagem: Korasidis, Wagstaff/Robert Nicholls/Alcheringa)

O dossel da floresta era formado principalmente por árvores coníferas, enquanto a vegetação rasteira era formada por samambaias. Elas variavam entre samambaias arborescentes (Cyatheaceae), samambaias rasteiras (Gleicheniaceae) e samambaias primitivas (Schizaeaceae). Há cerca de 113 milhões de anos, começaram a surgir plantas com flores, coincidindo com a época em que as plantas floridas se espalharam pelo mundo.

Segundo os cientistas, o processo, há 100 milhões de anos, populou Victoria de vegetação rasteira, com as flores e samambaias dividindo espaço com hepáticas, antóceros, licófitas e musgos. Vale lembrar que, à época, a grama ainda não existia. Os dinossauros da região incluíam ornitópodes (herbívoros com bico de pato) e terópodes (em geral, carnívoros bípedes com penas). Muitos deles expandiram sua dieta para incluir plantas floridas, mostrando o impacto da vegetação na vida animal.

Veja mais:

  • Primeiros dinossauros de sangue quente surgiram há 180 milhões de anos
  • Fóssil de flor na China poderia explicar o surgimento de plantas com frutas
  • Cientistas sequenciam genoma de planta mais antigo do mundo a partir de sementes

VÍDEO: As descobertas científicas mais legais dos últimos tempos

 

Leia a matéria no Canaltech.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.