Lula retorna à Rússia para tentar acordo entre Putin e Zelensky

Moscou – A parada técnica que levou Luiz Inácio Lula da Silva de volta à Rússia nesta quarta-feira (14) pode ser tudo, menos banal. Na capital russa pela segunda vez em menos de uma semana, o presidente brasileiro revelou estar tentando o improvável: fazer Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky sentarem na mesma mesa.

Segundo o próprio Lula, a proposta foi feita com seu tradicional tom direto. “Ô, companheiro Putin, vá até Istambul negociar, porra. Não custa nada”, disse o presidente antes de deixar Pequim, na China, onde também tratou da guerra ao lado de Xi Jinping. O que parecia só reabastecimento virou mais um ato de diplomacia ativa em tempos de paralisia global.


Lula propõe encontro direto entre líderes

De acordo com o presidente, a iniciativa de interceder veio do próprio governo ucraniano. Foi o chanceler Andrii Sibiha quem procurou o Itamaraty para sugerir que Lula tentasse convencer Putin a negociar. O recado foi passado pelo ministro Mauro Vieira e reforçado durante um jantar com o líder russo na visita anterior, para o Dia da Vitória, em Moscou.

O Putin disse textualmente: ‘eu topo discutir isso’”, relatou Lula, destacando que o russo demonstrou abertura para a proposta de diálogo. A grande incógnita agora é se essa suposta disposição sairá do campo da retórica.


Kremlin faz mistério sobre conversa

Até agora, o Kremlin não confirmou se houve de fato a conversa telefônica entre Lula e Putin. O porta-voz Dmitry Peskov desconversou: “Se os contatos forem acordados, informaremos imediatamente”.

Enquanto isso, parte da imprensa russa especula que o retorno de Lula tenha um peso maior do que o Palácio do Planalto quer admitir. O governo brasileiro, por sua vez, insiste que a parada em Moscou foi meramente logística — mas ninguém está comprando essa versão de olhos fechados.


China e Brasil pedem solução política

Durante sua passagem por Pequim, Lula divulgou, ao lado de Xi Jinping, uma declaração conjunta defendendo a negociação como única saída realista para o conflito, que já passa dos três anos.

No texto, os dois governos apontam a necessidade de uma solução que atenda aos “interesses legítimos de todas as partes”, sem imposições. O documento também destaca a urgência de um acordo “duradouro, justo e vinculante”, em oposição à lógica de guerra infinita que domina o cenário europeu desde 2022.


Diplomacia brasileira ganha peso no tabuleiro

O esforço de Lula marca mais um capítulo da tentativa do Brasil de se colocar como voz mediadora em conflitos internacionais. A visita dupla à Rússia, combinada com articulações na China, coloca o país como raro ator disposto a apostar no diálogo num mundo cada vez mais dividido entre tanques e sanções.

Num cenário de omissão das grandes potências ocidentais — que seguem empurrando armas em vez de soluções —, o Brasil aparece como um dos poucos tentando evitar que a Guerra na Ucrânia vire um novo Afeganistão: longo, lucrativo para alguns e catastrófico para todos.

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