O deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE) afirmou que, por ser membro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), vai pedir a convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para prestar esclarecimentos sobre as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito do TikTok, feitas durante viagem à China.
O parlamentar considerou que o pedido de Lula, feito ao lado da primeira-dama, Janja da Silva, para “discutir a questão digital” relacionada ao TikTok com o presidente chinês, Xi Jinping, configura, segundo ele, censura. Mendonça afirmou que vai apresentar um requerimento para convocar o ministro com o objetivo de obter explicações sobre o episódio.
“Lula e Janja pediram ao presidente da China, Xi Jinping, a assessoria para controlar e censurar as redes sociais no Brasil. É um absurdo. Uma agressão contra a nossa Constituição, contra a independência do Brasil, contra a liberdade de expressão do nosso povo, agredindo o Parlamento e a sociedade como um todo”, disse o deputado.
O episódio teria gerado constrangimento entre Lula, Janja e Xi Jinping. O tema do TikTok vem sendo alvo de disputas internacionais, especialmente após os Estados Unidos pressionarem para que uma empresa local — e não a chinesa — passe a administrar o aplicativo no país.
Lula esclareceu que foi ele quem fez a pergunta ao presidente chinês sobre a possibilidade de envio ao Brasil de alguém de sua confiança para discutir a questão digital envolvendo a plataforma.
“Eu que fiz a pergunta, não foi a Janja”, assegurou o presidente.
Ainda ao comentar o episódio, Lula explicou que a primeira-dama pediu a palavra para tratar de preocupações relacionadas a mulheres e crianças na rede social.
“Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para a gente discutir a questão digital e, sobretudo, o TikTok. E aí a Janja pediu palavra para explicar o que estava acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e contra as crianças. Foi só isso”, descreveu Lula.
O petista também demonstrou incômodo com o vazamento da conversa, que teria ocorrido durante um jantar reservado. Além de Janja, estavam presentes ministros de Estado e alguns parlamentares representando o Congresso Nacional.
“Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que teve num jantar em que era uma coisa muito, mas muito confidencial”, reclamou.
Constrangimento
Ao falar do assunto, em coletiva de imprensa na noite de terça-feira (13/5), Lula comentou o suposto incômodo de integrantes da reunião com o fato de Janja pedir a palavra no encontro. Por fim, Lula defendeu a possibilidade de a mulher se manifestar em uma reunião entre chefes de Estado.
“O fato de a minha mulher pedir a palavra é porque a minha mulher não é cidadã de segunda classe. Ela entende mais de rede digital do que eu e resolveu falar”, frisou o presidente da República.
O pedido de Lula a Xi Jinping para “discutir a questão digital” teve como resposta que o país tem o direito de fazer a regulamentação das mídias sociais. “Não é possível a gente continuar com as redes digitais cometendo os absurdos que comete e a gente não tem a capacidade de regulamentação”, ressaltou Lula.