Cientistas suspeitam que atividade vulcânica antiga pode ter esculpido a Lua de dentro para fora. O resultado? Um lado do nosso satélite natural ficou mais fino, quente e geologicamente ativo, e o outro, menos. O processo pode explicar a misteriosa assimetria lunar, cujo mecanismo ainda era desconhecido.
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Para investigar o processo, pesquisadores liderados por Ryan Park, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, analisaram os dados da missão GRAIL, da agência espacial. A missão foi lançada em 2012, e contou com um par de espaçonaves que analisaram a gravidade lunar.

Ali, eles encontraram os primeiros sinais das diferenças térmicas no interior da Lua. A diferença era tanta que se destacou, e permaneceu após várias verificações e análises alternativas. Eles notaram que o manto lunar tem deformação de até 3% entre o lado próximo e afastado do nosso satélite natural.
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Com simulações computacionais, eles notaram que a discrepância pode ser o resultado de uma variação de 100 a 200 ºC entre os hemisférios do lado próximo e afastado da Lua — no caso, o lado mais próximo seria mais quente. É provável que o contraste se deva à grande concentração de elementos radioativos no lado lunar visível da Terra, que sobraram da atividade vulcânica ocorrida de 3 a 4 bilhões de anos atrás.
Para os autores, a abundância de tório e outros elementos radioativos deve ter gerado calor adicional, o que explicaria as diferenças de algumas centenas de graus na temperatura do manto lunar no passado. O calor ali pode ter criado bolsões de rocha derretida que esculpiram os mares lunares e outras estruturas visíveis hoje.
Segundo Park, a equipe acredita que os processos que formaram os mares lunares há bilhões de anos ainda estão presentes e ativos por lá. “Nosso estudo trouxe o mapa gravitacional da Lua mais detalhado e preciso já feito até hoje”, concluiu.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.
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