O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar em breve o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. A informação foi confirmada por auxiliares próximos ao presidente, que aguardam seu retorno de compromissos internacionais para a oficialização.
A Secretaria-Geral é uma pasta estratégica no governo petista, responsável pela articulação com movimentos sociais e a sociedade civil. Lula deseja que a área volte a ter protagonismo político, e enxerga em Boulos um nome com forte conexão com esses setores.
Lula e Boulos têm relação próxima e alinhada
Boulos é aliado de longa data de Lula. Em 2024, foi o único candidato a prefeito que contou com o envolvimento direto do presidente, que atuou pessoalmente na campanha e articulou a composição da chapa com a ex-prefeita Marta Suplicy como vice.
Desde abril, Lula tem sinalizado a Boulos a possibilidade de assumir o ministério. O presidente quer alguém de sua confiança, com capacidade de mobilização, para consolidar alianças com os movimentos sociais de olho na campanha de 2026.
PSOL resiste à saída de Boulos das eleições
Embora Boulos tenha demonstrado disposição para abrir mão da disputa municipal em São Paulo, sua ida para o governo enfrenta resistência dentro do PSOL. Ele foi o deputado federal mais votado do estado em 2022, com mais de 1 milhão de votos, e é o principal nome do partido para tentar vencer a prefeitura da capital paulista.
A possível saída de Boulos da corrida eleitoral pode prejudicar o desempenho do PSOL, especialmente no que diz respeito à superação da cláusula de barreira.
Márcio Macêdo está na berlinda desde 2023
A eventual entrada de Boulos representaria também mais um capítulo na reforma ministerial em curso no governo Lula. O atual ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo, é apontado por petistas como um nome de pouca expressão política. Ele está fragilizado desde maio do ano passado, quando Lula o repreendeu publicamente pela baixa adesão ao ato do 1º de Maio.
Aliados do presidente avaliam que Macêdo não conseguiu dar visibilidade à pasta e que sua permanência já não se sustenta diante da necessidade de reorganização política no entorno do Planalto.
Trocas no primeiro escalão seguem aos poucos
Desde o início do ano, Lula tem feito mudanças pontuais entre seus ministros mais próximos. Em janeiro, Sidônio Palmeira assumiu a Secretaria de Comunicação no lugar de Paulo Pimenta. Em março, Padilha saiu das Relações Institucionais para dar espaço à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e assumiu o Ministério da Saúde no lugar de Nísia Trindade.
A ida de Boulos para o Planalto se encaixa nessa lógica: fortalecer o núcleo político do governo com nomes de alta capacidade de mobilização social e bom desempenho eleitoral.