O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Brasília nesta semana trazendo na bagagem da China um novo climão para a Esplanada. O mandatário cobrou ministros pelo vazamento à imprensa de informações que pegaram mal para a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e alguns deles quiseram mostrar seus telefones celulares a ele. O episódio resgata o inusitado pedido pelo fim da “República do off”, feito pelo ministro Sidônio Palmeira assim que assumiu a Secretaria de Comunicação do Planalto.
A primeira cobrança foi pública, ainda na terça-feira (13/5), durante coletiva de imprensa ainda na China. Foi quando Lula reclamou que um dos seus ministros “teve a pachorra” de vazar o teor da conversa de um jantar da comitiva brasileira com o presidente da China, Xi Jinping. A colunista Andreia Sadi publicou, no G1, que Janja causou constrangimento ao questionar o mandatário chinês sobre o suposto favorecimento da direita no TikTok.
Lula afirmou que foi ele quem fez a pergunta, e que Janja apenas completou a fala. O presidente ainda disse que a primeira-dama “não é cidadã de segunda classe” para ficar em silêncio. Durante o voo de volta ao Brasil, junto a alguns dos seus ministros, o mandatário voltou ao assunto e se demonstrou irritado.
Segundo apurou o Metrópoles, neste momento os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) chegaram a mostrar seus respectivos celulares para Lula, alegando que o vazamento à imprensa não partiu deles. Outros, que estavam na comitiva, lembraram que ficaram de fora do jantar, como Alexandre Silveira (Minas e Energia) e também Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
Lula, porém, teria demonstrado desinteresse em fazer uma devassa em celulares alheios para descobrir a fonte da gravação. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, nada teria falado. Ele é apontado por auxiliares como um dos suspeitos de ter divulgado a informação. Por fim, ficou entendido o recado de que o presidente se irritou com a atitude e não toleraria mais vazamentos para prejudicar a primeira-dama.
Sidônio Palmeira assumiu a Secom em janeiro deste ano e pediu que ministros e auxiliares do governo Lula suspendessem o repasse de informações à imprensa sob anonimato. Trata-se do famoso “em off”.