Brasília – As plataformas Meta e TikTok foram notificadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) e, dentro de 24 horas, apagaram uma enxurrada de fake news bolsonarista que tentava transformar a viagem diplomática de Janja da Silva à Rússia num escândalo fabricado. As mentiras variavam entre transporte ilegal de dinheiro, malas recheadas de recursos desviados do INSS e até detenção em aeroporto russo – tudo sem uma vírgula de verdade.
De acordo com a AGU, os conteúdos violavam diretamente os Termos de Uso das próprias redes. A ação partiu após a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) identificar postagens claramente difamatórias, recheadas de delírios conspiratórios, cuja única função era deslegitimar a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fake news bolsonarista ataca comitiva presidencial
Entre as pérolas da desinformação, a mentira mais grotesca dava conta de que Janja da Silva teria sido flagrada em solo russo com 200 malas abarrotadas de dinheiro sujo, embarcadas em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). A cena parecia roteiro de filme B de espionagem, mas foi abraçada com entusiasmo por perfis bolsonaristas – incluindo o próprio Jair Bolsonaro, que chegou a compartilhar o conteúdo em suas redes.
A Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia (PNDD) foi clara: as publicações não têm nenhum lastro na realidade. Segundo o órgão vinculado à AGU, a intenção é sabotar a credibilidade internacional do Brasil e sabotar políticas públicas federais com base na mentira – prática que se tornou marca registrada da extrema-direita nacional.
AGU reage rápido e redes cedem
A resposta institucional veio com firmeza. A AGU notificou as plataformas com base em seus próprios regulamentos internos, apontando os links e exigindo remoção imediata. A Meta, conglomerado que controla Facebook, Instagram e Threads, e o TikTok, cumpriram a exigência sem recorrer à judicialização do caso.
A medida representa um avanço no combate à indústria de fake news bolsonarista, que continua operando à sombra de redes digitais desreguladas. Não à toa, a discussão sobre regulamentação das plataformas voltou com força, como já havia sido defendido por Lula e Janja na recente visita à China, após a morte trágica de uma criança em desafio do TikTok — tema abordado em outra matéria do Diário Carioca.
Desinformação como método
Essa ofensiva contra Janja não é nova nem isolada. A estratégia da extrema-direita é clara: produzir narrativas mentirosas para minar figuras públicas associadas ao governo Lula, especialmente mulheres. A tentativa de transformar uma viagem diplomática em farsa escandalosa revela o desespero de quem perdeu o poder e agora se agarra à mentira como último recurso.
Enquanto isso, países como os Estados Unidos e o Reino Unido já avançam na responsabilização legal de plataformas digitais por conteúdos falsos e nocivos, como destaca o The Guardian. No Brasil, essa batalha está apenas começando – e tem tudo para ser dura.
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