Com a execução de Thiago da Silva Folly, o TH da Maré, abre-se uma vaga para um dos tronos de liderança do Terceiro Comando Puro (TCP), facção criminosa que disputa o domínio territorial do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro (RJ), com o Comando Vermelho (CV).
Desde a última terça-feira (13/5), quando o traficante, considerado um dos mais procurados do estado, foi morto em confronto com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ), debates nas redes sociais, protagonizados sobretudo por moradores das comunidades, buscam respostas para a pergunta: quem vai ocupar o lugar de TH na hierarquia do tráfico?
A preocupação atinge até mesmo moradores que não têm ligação com organizações criminosas. Isso porque o poderio de Thiago impactava diretamente a vida cotidiana de quem vive na Vila do João, no Morro do Timbau e na Vila dos Pinheiros. Ele era proprietário de estabelecimentos nas comunidades.
Nas redes sociais, internautas apelidaram a suposta sucessão de “conclave” e fizeram comentários irônicos sobre a disputa, em referência à recente escolha do novo Papa.
Os candidatos
Segundo as investigações, quem baterá o martelo sobre o novo líder do Terceiro Comando Puro (TCP) está atrás das grades. Marcelo Santos das Dores, o Menor P, está preso desde 2014, acusado de diversos crimes, como tráfico de drogas e homicídio. Ele era aliado de confiança de TH da Maré.
Nas redes sociais, os nomes que circulam como os principais candidatos ao cargo são: Alexandre Ramos do Nascimento, conhecido como “Pescador”; Edimilson Marques de Oliveira, chamado de “Cria”; e Michel de Souza Malveira, o “Mangolê”. De acordo com a plataforma Procurados.org.br, Pescador, de 38 anos, é apontado como o responsável pelo tráfico de drogas na Vila dos Pinheiros, em Bonsucesso, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele é considerado um dos homens de confiança de Menor P.
Pescador já esteve envolvido em diversas trocas de tiros que deixaram agentes de segurança feridos. O caso mais grave foi a morte do soldado Hélio Messias Andrade, de Roraima, baleado na cabeça. Ele chegou a ser submetido a uma cirurgia no Hospital Municipal Salgado Filho, mas não resistiu.
Segundo as investigações, Pescador recebeu ordens dos chefes do tráfico para atirar em quem não obedecer comandos de parada para averiguação e também em viaturas da polícia.
O segundo nome mais cotado ao posto de liderança do TCP é o de Edimilson Marques de Oliveira, o Cria. Informações apontam que ele dividia o comando da facção com TH da Maré. Cria é procurado por envolvimento na morte de dois policiais militares, assassinados dentro de um galpão no Complexo da Maré.
Ainda segundo a plataforma Procurados, ele é considerado um dos criminosos mais violentos da facção e seria responsável por dezenas de mortes na região. Contra Cria, há um mandado de prisão expedido pela 1ª Vara Criminal Especializada da Comarca da Capital, pelos crimes de promoção, constituição, financiamento ou integração de organização criminosa.
O terceiro nome apontado como sucessor é o de Michel Malveira, conhecido como Mangolê. Segundo o portal Procurados, a aliança entre ele e TH da Maré foi firmada em agosto de 2020, quando passaram a atuar juntos com o objetivo de fomentar o tráfico de drogas na região.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram Mangolê portando armamento de grosso calibre, especialmente durante bailes funk promovidos nas comunidades sob influência do TCP.
Pergaminho do crime
Com diversos crimes acumulados em seus nomes, os foragidos candidatos a futuros líderes do TCP tê histórico semelhante ao de seus antecessor. Na terça-feira (13), o coronel Marcelo Menezes, da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ), exibiu a extensa ficha criminal de TH da Maré — que acumulava mais de 227 anotações criminais.
Na mira policial, TH tinha, em seu nome, inquéritos por crimes, como tráfico de drogas, roubo de carga e homicídio. Ele estava foragido desde 2016 e tinha 17 mandados de prisão em aberto.
O traficante também foi denunciado por envolvimento na morte de agentes das forças de segurança. Ele foi monitorado por oito meses antes de a operação ser deflagrada.
Morto em operação
Thiago foi localizado em uma espécie de “bunker”, no Morro do Timbau, na terça-feira (13/5), e acabou morto em uma troca de tiros durante a operação da PMRJ no Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade.
Imagens de um imóvel tomado por sangue passaram a circular nas redes sociais. As informações apontam que o traficante teria morrido no local.
Além dele, dois de seus seguranças, identificados como Daniel Falcão dos Santos ou Gotinha e “Carlinhos” ou “Carlin”, também foram mortos.