Por trava nas negociações com Petrobras, categoria anuncia nova greve

As duas federações da categoria petroleira anunciaram, nessa quarta-feira (14/5), uma nova greve de advertência nos dias 29 e 30 de maio. A paralisação das atividades seria uma “resposta à ausência de avanços nas negociações com a Petrobras“.

A paralisação está programada para começar às 7h de 29 de maio e terminar às 19h de 30 de maio — dia em que o novo modelo de teletrabalho começa na empresa (entenda a proposta abaixo).

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), a greve é uma “resposta direta à ausência de avanços concretos no diálogo com a direção da Petrobras”, especialmente em relação à remuneração variável dos empregados e à política de cortes de custos implementada pela companhia.

Procurada pelo Metrópoles, a companhia afirmou que “ainda não foi notificada oficialmente pelas entidades sindicais sobre a paralisação”, mas que “respeita o direito de manifestação dos empregados”.

A Petrobras (leia a nota na íntegra no fim do texto) ressaltou que vem realizando uma série de reuniões com as entidades sindicais para esclarecer as mudanças previstas no modelo de trabalho híbrido, que passará a valer a partir de 30 de maio.


A crise do teletrabalho

  • Em 9 de janeiro, a diretoria da Petrobras informou que aumentaria a escala de trabalho presencial de dois para três dias, com exceção para pessoas com deficiência (PCDs) e pais de PCDs. Assim, os dias de teletrabalho seriam reduzidos de três para dois.
  • No entanto, a empresa propôs novas alterações em 7 de maio. Nessa nova proposta, a Petrobras permite três dias de teletrabalho para funcionários que sejam: gestantes e mães e pais de crianças pequenas.
  • Alvo de críticas, a companhia afirmou que essa carga tem sido seguida por gerentes desde setembro de 2024.
  • Inicialmente as medidas passaram a valer a partir de 7 de abril para empregados sem função gratificada, mas foram postergadas para 30 de maio. As mudanças para funcionários com funções estão em vigor desde 10 de março.
  • A alteração na carga de trabalho, considerada uma “decisão unilateral” pelos sindicatos, desagradou os funcionários da companhia, que começaram a fazer paralisações pontuais.

Federações criticam “incoerência” da Petrobras

Para as federações, houve “incoerência” da atual gestão da companhia, que anunciou lucro líquido de R$35,2 bilhões no primeiro trimestre, com a distribuição de R$11,72 bilhões em dividendos a acionistas, e defendeu medidas de austeridade interna.

Os petroleiros afirmaram que é “inaceitável que, diante de lucros recordes, os trabalhadores sigam sendo penalizados”.

“A indignação da categoria aumentou após a fala da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, que, um dia após anunciar lucro líquido de R$ 35,2 bilhões no primeiro trimestre de 2025 e a distribuição de R$ 11,72 bilhões em dividendos, declarou que a empresa atravessa uma fase de cortes e austeridade”, diz trecho do comunicado das federações.

Outro ponto destacado é a preocupação com as condições de segurança nas unidades operacionais da companhia. Eles denunciam a prática de subnotificação de acidentes, além de exigir uma maior transparência e rigor na gestão da segurança dos petroleiros.

A categoria deve enviar uma contraproposta unificada para a direção da Petrobras.

“As federações afirmam que seguem comprometidas com a luta por melhores condições de trabalho, justiça na distribuição dos resultados da companhia e respeito aos direitos dos petroleiros”, completaram.

Leia a nota da Petrobras na íntegra:

“A Petrobras ainda não foi notificada oficialmente pelas entidades sindicais sobre a paralisação.

A empresa respeita o direito de manifestação dos empregados. A Petrobras vem realizando reuniões com as entidades sindicais para esclarecer sobre a mudança no modelo de trabalho híbrido a partir do dia 30/05. Nas reuniões, a companhia esclarece o motivo pelo qual manterá a proposta de Acordo Específico, com duração de dois anos, para o modelo híbrido de trabalho para as(os) empregadas(os) das áreas administrativas. Com isso, o regime passará a ser de três dias presenciais por semana, sendo um dos dias a segunda ou a sexta-feira.

Importante destacar que o objetivo da mudança é aprimorar a integração das equipes e os processos de gestão, contribuindo para a agilidade na entrega de importantes resultados para a companhia, que segue em fase de crescimento de investimentos, definição de novos projetos e contratação de novos empregados que demandam formação e mentoria por parte de empregados experientes, além de ambientação nas respectivas áreas.

A Petrobras tem mantido diálogo aberto com as entidades sindicais e, nessas reuniões, atendeu algumas reivindicações e propôs flexibilizações no ajuste do modelo híbrido para alguns públicos específicos, como a realização de até três dias de trabalho remoto semanais para gestantes, mães e pais de bebês de até 2 anos de idade.

A Petrobras esclarece, ainda, que já vem repondo seu efetivo de trabalhadores, tendo convocado mais de 1,9 mil novos empregados em 2024. A companhia também já anunciou publicamente que irá contratar 1.780 novos empregados ao longo de 2025, oriundos de concurso público de nível técnico.

Por fim, convém destacar que a Petrobras possui um programa de remuneração variável que contempla, entre outros itens, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A Petrobras negociou com as entidades sindicais um acordo de PLR para o período 2024/2025, que será cumprido integralmente pela companhia.”

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