Gripe aviária pode virar pandemia? Entenda os riscos e medidas preventivas

A gripe aviária, causada pelo vírus influenza A (H5N1), tem gerado crescente preocupação entre as autoridades de saúde pública, especialmente após o aumento dos casos nos Estados Unidos em 2024. Embora a transmissão entre humanos seja rara e o risco de uma pandemia seja considerado baixo, especialistas alertam para a possibilidade de mutações no vírus que poderiam facilitar a disseminação entre pessoas, com consequências graves.

Desde 2003, mais de 950 infecções humanas pelo vírus H5N1 foram registradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com cerca de metade dos casos resultando em mortes. Porém, até o momento, o vírus não tem se transmitido facilmente de pessoa para pessoa, o que mantém o risco de uma emergência global baixo. No entanto, a evolução do vírus e o aumento no número de infecções em animais, como aves e mamíferos, podem aumentar o risco de mutações que permitam uma transmissão mais eficaz entre humanos.

Causas e riscos de mutações genéticas

A gripe aviária normalmente afeta aves selvagens, mas quando o vírus se espalha para aves domésticas, porcos ou outros animais, o risco de contaminação para os seres humanos aumenta. O problema ocorre principalmente quando há grande mortalidade de aves ou surtos em áreas com alta concentração de animais. Isso aumenta a probabilidade de o vírus sofrer mutações, o que pode gerar uma cepa mais adaptada à transmissão entre humanos.

Em casos raros, os porcos podem ser infectados simultaneamente pelo vírus da gripe aviária e pelo vírus da gripe comum, permitindo a troca genética entre os dois, o que pode resultar na criação de uma nova variante do vírus, capaz de se espalhar entre as pessoas.

O alerta da OMS e as medidas de prevenção

Apesar de os casos de gripe aviária em humanos serem raros, as autoridades de saúde, como a OMS e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), mantêm um monitoramento constante da evolução do vírus e da possível emergência de uma nova variante que poderia ser mais transmissível entre humanos. A OMS destaca que, até o momento, não foram encontradas mutações capazes de gerar uma transmissão sustentada entre seres humanos. Contudo, a vigilância contínua e a preparação para uma possível pandemia são essenciais.

A OMS recomenda o aumento da vigilância, especialmente em regiões com focos de gripe aviária, e a detecção precoce de novos casos. Além disso, a organização enfatiza a importância de medidas de prevenção, como evitar o contato com aves doentes ou mortas, e reforçar protocolos de biossegurança para trabalhadores do setor avícola.

O caso no Brasil e a reação das autoridades

Em maio de 2023, o Brasil detectou um surto de gripe aviária em aves silvestres, e em março de 2024, um novo foco foi identificado em uma granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul. O governo federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), ativou o plano nacional de contingência, que inclui o isolamento da granja afetada e a fiscalização das granjas próximas.

O Mapa também reforçou que o consumo de carne de frango e ovos não apresenta risco de contaminação, já que a transmissão não ocorre por meio desses alimentos. A principal preocupação se concentra com os trabalhadores do setor avícola, que têm contato direto com aves infectadas. Para essas pessoas, o uso de equipamentos de proteção e medidas de biossegurança são fundamentais.

Cuidados essenciais para a população

A população em geral deve tomar precauções para evitar a exposição ao vírus H5N1. Entre as principais orientações estão:

  • Evitar o contato com aves silvestres ou doentes, especialmente em regiões com focos confirmados;
  • Não manipular aves mortas ou doentes sem proteção adequada;
  • Lavar as mãos frequentemente, principalmente após o contato com animais ou em ambientes rurais;
  • Consumir apenas produtos de origem animal que sejam inspecionados e certificados.

A importância do conceito de Saúde Única

A OMS também reforça a importância do conceito de Saúde Única, que considera que a saúde humana, animal e ambiental estão interligadas. A prevenção de epidemias deve levar em conta esses três aspectos, com foco na vigilância de surtos e na redução de riscos tanto para animais quanto para seres humanos.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.