Tuta, líder do PCC preso, já aparecia na 1ª denúncia contra facção

O traficante Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, apontado com uma das principais lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC), já aparecia na denúncia oferecida pelo Ministério Público de São Paulo e que apontou pela primeira vez para os integrantes da cúpula da facção.

Na acusação de setembro de 2013, Tuta não aparece entre as lideranças, mas é denunciado após ser flagrado em conversas operacionalizando o tráfico para a cúpula do PCC e falando sobre corrupção de policiais.

Ao todo, o Ministério Público de São Paulo denunciou 175 integrantes da facção à época. Além de Tuta, lideranças como Marcola, Roberto Soriano e Julinho Carambola foram denunciados.

Tuta foi preso em uma ação conjunta da Polícia Federal e da Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen (FELCC) da Bolívia na sexta-feira (16/5).

Cúpula do PCC exposta em 1ª denúncia contra a facção

Ele foi reconhecido após usar um documento falso em Santa Cruz de la Sierra. Após a prisão, ele foi expulso da Bolívia e enviado para o Brasil, onde ficará preso no presídio federal em Brasília.

Em 2013, quando foi denunciado, Tuta ainda aparecia apenas como um operador do tráfico da facção. Anos depois, com a maioria das lideranças detidas em presídios federais, ele ascendeu dentro da facção e passou a atuar como uma liderança nas ruas.

Na denúncia, ele aparece negociando drogas. Em uma interceptação telefônica de janeiro de 2013, ele diz a um integrante do PCC chamado de Rabugento que precisa de cocaína.

Segundo o MPSP, Tuta diz “precisar daqueles 20 reais (20kg de cocaína)” e Rabugento diz que “meu barato (droga) encostou ali e agora é que consegui falar com o cara (que deve estar com a droga)”.

Em outra conversa, o tema é sobre a corrupção de policiais militares no bairro de Heliópolis, em São Paulo.

Tuta, liderança do PCC denunciado em 2013 pelo MPSP

Em uma interceptação de 31 de janeiro de 2013, outro integrante da facção apelidado de Boy diz a Tuta que “já passei para aqueles fiscais (PM) que a gente paga lá para eles resolverem (tentar tirar as outras viaturas da área), senão não terão a mensalidade, inclusive, essa semana não mandei nada ainda (propina), aí eles (PM) vão conversar lá pra eles (outros PM que trabalham na área) saírem fora dali”.

Como mostrou o Metrópoles, nos últimos anos, Tuta se transformou em um dos principais nomes da facção nas ruas e era responsável por operador o sistema de lavagem de dinheiro da facção que teria movimentado mais de R$ 1 bilhão.

Enquanto atuava para o PCC, Tuta chegou a ocupar o posto de adido comercial no Consulado de Moçambique, em Minas Gerais. Registrado em carteira e com salário de R$ 10 mil, tratava de temas ligados ao intercâmbio econômico entre Brasil e África.

Em 2020, alvo da operação Sharks do MPSP, Tuta teria conseguido escapar as autoridades ao pagar R$ 5 milhões a policiais da Rota para receber informações privilegiadas sobre o cumprimento dos mandados.

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