O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), advertiu o advogado do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, durante audiência de testemunnhas em ação penal que trata da apuração de suposta trama golpista. O apontamento incisivo do ministro ocorreu enquanto Novacki fazia perguntas à testemunha da acusação, general Freire Gomes, ex-comandante do Exército.
Novacki questionava Freire Gomes sobre a chamada minuta do golpe, encontrada na casa de Anderson Torres. “O senhor tinha o conhecimento que essa essa mesma minuta encontrada na residência do Anderson Torres, ela vinha sendo distribuída para diversas autoridades e que inclusive estava circulando na internet?”, questionou.
Freire Gomes respondeu: “Não, senhor. Eu vim saber depois agora já no processo”. Novacki continuou: “Então, é possível, senhor general, que o senhor tenha visto essa minuta em outro lugar, foi apresentado ao senhor informando que estava na casa do Anderson Torres. É possível que o senhor tenha se confundido e dito que era aquela minuta apresentada nas reuniões de mandado?”, questionou.
Freire Gomes disse que não, novamente. Após outras indagações acerca de reuniões realizadas em 7 de dezembro de 2022 e 14 de dezembro de 2022, também tratando da minuta de golpe, Moraes fez uma intervenção:
“A testemunha já disse que não pode afirmar com certeza ser o mesmo documento, mas que os pontos importantes eram semelhantes. Se o senhor puder continuar, por favor?”, disse. Novacki respondeu: “Eu só gostaria, senhor ministro, de ter o mesmo tratamento que foi dado à acusação”…
Moraes, imediatamente, ressaltou: “Doutor, nós não estamos aqui para fazer circo. Eu não vou permitir. Eu não vou permitir que vossa senhoria faça circo no meu tribunal. Vossa senhoria já foi desrespeitoso quando disse que não haveria necessidade de falar da advertência do falso testemunho”, disse.
E prosseguiu: “Seguimos com tranquilidade até aqui. Então, vamos continuar com tranquilidade. Vossa senhoria faz as perguntas, mas não adianta ficar repetindo seis vezes a mesma pergunta para tentar que a testemunha mude. Ela foi muito clara em relação a isso. Pode continuar, doutor”, ressaltou e encerrou. Novacki seguiu o interrogatório.
O alerta ocorreu durante depoimentos das testemunhas de acusação em ação penal que trata de acusações contra o chamado “núcleo 1” de trama golpista que tentava manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após eleições de 2022.