Brasília – A Procuradoria-Geral da República pediu nesta terça-feira (20) que o Supremo Tribunal Federal aceite a denúncia contra 12 integrantes do “núcleo 3” da tentativa de golpe bolsonarista.
O grupo — formado por 11 militares e um agente da Polícia Federal — é acusado de arquitetar o sequestro do ministro Alexandre de Moraes e o assassinato de Lula e Geraldo Alckmin, presidente e vice eleitos em 2022.
Segundo a subprocuradora Cláudia Sampaio Marques, os denunciados “passaram a agir concretamente” após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro, que segue tentando escapar do xilindró, apesar da avalanche de provas.
Militares tramaram o golpe no “núcleo 3”
O núcleo em questão é composto por integrantes de forças especiais, apelidados de “kids pretos”, ligados a setores radicais do Exército. De acordo com a denúncia, eles foram responsáveis pelo plano batizado de “Punhal Verde Amarelo”, que previa a eliminação física de Lula e Alckmin, além de tentativas de coação sobre o Alto Comando do Exército para aderir à ruptura institucional.
O STF já tornou Bolsonaro e outros 20 aliados réus pela trama golpista. Agora, a Primeira Turma da Corte analisa se os novos 12 acusados também responderão judicialmente. Caso a denúncia seja aceita, restará apenas um nome a ser analisado: Paulo Figueiredo Filho, neto do último ditador militar e ex-comentarista da Jovem Pan — aquela emissora que confundiu jornalismo com delírio ideológico.
Quem são os acusados?
Os denunciados ocupavam postos estratégicos nas Forças Armadas e Polícia Federal, e agiram como uma milícia fardada a serviço de um projeto autoritário. Veja os nomes:
- Bernardo Correa Netto, coronel preso na operação Tempus Veritatis
- Cleverson Ney, coronel da reserva
- Estevam Theophilo, general da reserva
- Fabrício Bastos, coronel acusado de difundir carta golpista
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel, do grupo “kids pretos”
- Márcio Resende Júnior, coronel do Exército
- Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército
- Rafael Martins, tenente-coronel, “kids pretos”
- Rodrigo Bezerra, tenente-coronel, “kids pretos”
- Ronald Araújo Junior, tenente-coronel, ligado a minuta golpista
- Sérgio Medeiros, tenente-coronel
- Wladimir Soares, agente da Polícia Federal
Crimes pesados e provas robustas
A lista de acusações é extensa e grave:
- Organização criminosa armada
- Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito
- Golpe de Estado
- Dano qualificado com violência contra patrimônio público
- Grave ameaça com deterioração de bem tombado
Nada disso, porém, parece comover a base bolsonarista, que segue idolatrando figuras que atentaram contra a democracia como se fossem heróis — a típica inversão moral do fascismo cotidiano.
E Bolsonaro?
Como já virou praxe, Jair Bolsonaro se finge de morto político enquanto seus comparsas caem um a um. Mesmo assim, já é réu e investigado em vários inquéritos, incluindo o das joias sauditas e das fake news sobre vacinas. O cerco se fecha, mas ele ainda conta com blindagens institucionais e apoio de setores militares e religiosos — a tal “república paralela” que ele construiu no porão da legalidade.