Brasília – O plano para derrubar a democracia e manter Jair Bolsonaro na presidência não foi devaneio de extremistas desorganizados. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), foi um golpe arquitetado com frieza nos bastidores dos quartéis.
A acusação, feita nesta terça-feira (20/5), mira 12 nomes, incluindo 11 militares e um agente da Polícia Federal, e foi apresentada no julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para a subprocuradora-geral Cláudia Sampaio Marques, os acusados formavam o “núcleo operacional” do complô: seriam eles os encarregados de acionar as tropas, invadir instituições, prender ministros do STF e impor à força um governo ilegítimo.
“Nada foi improvisado. Tudo foi feito para manter Bolsonaro no poder e impedir a posse do presidente eleito”, disse Cláudia.
STF avalia denúncia que expõe engrenagem golpista
A PGR descreve uma trama detalhada e perigosa. Os crimes atribuídos ao grupo incluem:
- Organização criminosa armada
- Tentativa de golpe de Estado
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Dano qualificado
- Deterioração de patrimônio tombado
Além disso, segundo as investigações, o grupo cogitava montar um gabinete de crise no Comando Militar do Planalto e lançar ações contra quartéis e o STF, criando um clima de guerra institucional.
Moraes desconsidera áudio da PF por ora
O julgamento foi aberto com a leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Ele descartou, nesta fase, o uso de um áudio recente do agente da PF Wladimir Matos Soares, que menciona a segurança de Lula. Segundo Moraes, o material “não traz novos elementos relevantes para esta fase processual”, mas poderá ser analisado mais adiante.
A denúncia é considerada uma das mais sólidas já formuladas no contexto dos ataques golpistas que se seguiram às eleições de 2022. Caso a Primeira Turma do STF aceite a acusação, os envolvidos se tornarão réus formais e passarão a responder judicialmente pelos crimes apontados.
A sessão pode ser retomada nesta quarta-feira (21/5), dependendo do tempo restante para as sustentações orais da defesa. A cada novo documento, áudio ou depoimento, vai caindo por terra a narrativa da “patriotada”. Era golpe, com farda e planejamento.