Brasília – O Partido Liberal (PL) anunciou nesta terça-feira (20) a demissão do ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, após o vazamento de conversas com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.
Nas mensagens, trocadas em 2023, ambos trocam farpas pesadas contra a ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro.
Além disso, o episódio expõe o ambiente conturbado dentro da sigla, marcado por deslealdades e intrigas que refletem o desgaste político da família Bolsonaro e seus aliados.
A decisão partiu da cúpula do PL, que classificou as mensagens como “desleais” e incompatíveis com a linha do partido.
Revela tensões e críticas
Durante a troca de mensagens obtidas pela Polícia Federal na operação que apreendeu o celular de Mauro Cid, chamam atenção as ironias diretas contra Michelle Bolsonaro.
Em um trecho, o militar dispara: “Prefiro o Lula”, ao comentar a possibilidade de Michelle concorrer à Presidência em 2026, caso Bolsonaro se torne inelegível.

Além disso, Cid afirma em áudio que, se Michelle entrar na política, será “destruída” por conta de sua “personalidade” e supostas “coisas sujas” do passado que adversários poderiam usar contra ela.
Enquanto isso, Wajngarten tentou minimizar as mensagens, alegando que eram “apenas análises de notícias”.

Conflitos internos expostos
As conversas também mostram a desconfiança mútua entre Michelle Bolsonaro e Mauro Cid.
Em dezembro de 2022, a ex-primeira-dama acusou o militar de vazar informações para a imprensa, enquanto ele evitava responder diretamente, mantendo o clima de animosidade evidente.
Conforme revelado em outros diálogos, o coronel Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro, recebeu prints dessas discussões, reforçando que o racha dentro do PL é real e profundo.
Questionado sobre o caso, Bolsonaro classificou as mensagens como “besteira”, mas ressaltou que Michelle “botava ordem na casa”, o que desagradava alguns aliados.
PL tenta apagar incêndio político
A demissão de Wajngarten surge em um momento em que o PL busca se reestruturar para as eleições de 2026, tentando apagar a imagem desgastada da família Bolsonaro.
Contudo, as revelações só escancaram a crise interna, colocando ainda mais em xeque a coesão do partido e a viabilidade de candidaturas ligadas ao bolsonarismo.
Para entender mais sobre os desdobramentos das crises políticas no Brasil, leia também nossa análise sobre a extrema-direita no cenário atual do país.
Confira também cobertura internacional sobre crises políticas em grandes democracias no The Guardian.