O dólar operava em queda nesta quarta-feira (21/5), em um dia no qual o mercado financeiro segue repercutindo declarações da véspera dadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e em meio a incertezas em relação à política fiscal norte-americana.
Dólar
- Às 9h21, a moeda dos EUA recuava 0,23% e era negociada a R$ 5,656.
- No dia anterior, o dólar fechou em alta de 0,26%, cotado a R$ 5,669.
- Com o resultado, a moeda norte-americana acumula perdas de 0,14% em maio e 8,26% em 2025 frente ao real.
Bolsa de Valores
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- Na véspera, o índice fechou com ganhos de 0,34%, aos 140,1 mil pontos, batendo novo recorde histórico.
- Na quinta-feira (15/5), o Ibovespa atingiu a marca de 139.334 pontos, outro patamar inédito até então.
- Antes disso, na terça-feira (13/5), o índice havia alcançado outro nível histórico: 138.963 pontos, depois de uma alta de 1,74%.
- Com isso, foram quatro quebras de recorde em um período de uma semana e um dia.
Questão fiscal nos EUA
Os investidores temem o agravamento da situação fiscal nos EUA, principalmente depois de declarações de Trump, nessa terça-feira (20/5), em reunião com congressistas no Capitólio (o Congresso norte-americano).
Trump disse que pode haver um aumento significativo de impostos no país caso o projeto tributário apresentado por seu governo não seja aprovado pelo Legislativo.
“A alternativa [ao projeto] é um aumento de impostos de 68%. E você pode culpar os democratas por isso, um ou dois fanfarrões [congressistas do Partido Democrata, de oposição]”, afirmou Trump.
Segundo o presidente dos EUA, o projeto apresentado por sua administração e que vem sendo discutido no Congresso prevê “o maior corte de impostos da história do país”.
De acordo com economistas, o projeto pode acrescentar de US$ 3 trilhões a US$ 5 trilhões à dívida dos EUA, de US$ 36,2 trilhões, ao longo da próxima década.
Segundo a Moody’s, uma das principais agências de classificação de risco do mundo, a dívida dos EUA pode atingir 134% do Produto Interno Bruto (PIB) do país até 2035. A agência rebaixou a nota de crédito norte-americana.
A proposta da Casa Branca prorroga os cortes de impostos implementados por Trump em seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, reduz os impostos sobre a renda de horas extras, aumenta gastos com defesa e fornece mais fundos para a política de controle das fronteiras.
Críticos do projeto, inclusive dentro do Partido Republicano, defendem que o governo banque cortes maiores no programa de saúde Medicaid para norte-americanos de baixa renda, além da revogação completa dos chamados “créditos fiscais verdes”, instituídos pelos democratas.
Na última sexta-feira (16/5), quatro parlamentares do Partido Republicano, de Trump, haviam bloqueado a tramitação do projeto na Comissão de Orçamento da Câmara dos Representantes. Após negociarem com o governo, eles permitiram que a proposta avançasse.
“Não vamos cortar nada significativo [em programas sociais]. Não vou mudar o Medicaid, o Medicare ou a Previdência Social”, afirmou Trump.
Títulos do Tesouro
Em meio ao temor fiscal envolvendo a maior economia do mundo, os rendimentos dos chamados “Treasuries” (os títulos do Tesouro dos EUA) voltaram a subir na manhã desta quarta, com a taxa de 10 anos acima de 4,5%, e a de 30 anos, superior a 5%.
“Treasuries” são títulos de dívida emitidos pelo governo norte-americano para financiar as operações do governo, projetos públicos e a dívida nacional. Em condições normais, são considerados um dos investimentos mais seguros do mundo.
Medidas fiscais no Brasil
No cenário doméstico, as atenções do mercado seguem voltadas ao possível anúncio de novas medidas fiscais por parte da equipe econômica comandada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
O chefe da pasta disse que conversará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir novas medidas fiscais, que devem ser anunciadas na quinta-feira (22/5).
“Vamos ter várias reuniões essa semana para fechar e, na quinta-feira, a gente divulga o quadro fiscal e o que for necessário, como no ano passado”, afirmou Haddad, sem detalhar o que pode ser anunciado pelo governo.
O chefe da equipe econômica não confirmou que a Fazenda esteja planejando o anúncio de um contingenciamento de R$ 18 bilhões, como vem sendo especulado nos bastidores. “Eu não posso antecipar”, limitou-se a dizer Haddad.