Os três empresários presos com R$ 1,25 milhão em espécie no Aeroporto Internacional de Brasília mantêm ligações diretas com políticos recém-eleitos no estado do Amazonas. Entre as conexões apuradas pela coluna, destaca-se o vínculo familiar e financeiro com o vereador Lucas Souza Moitinho, do União Brasil (à esquerda), eleito em 2024 na cidade de Presidente Figueiredo.
Vagner Santos Moitinho (à direita), um dos presos na operação da Polícia Federal, é pai do vereador. De acordo com registros oficiais de prestação de contas eleitoral, aos quais a coluna teve acesso, Vagner doou R$ 1 mil para a campanha do filho nas eleições municipais de 2024.
Outro detido, César de Jesus Glória Albuquerque, também figura como doador na campanha de Lucas Souza Moitinho, conforme consta na documentação entregue à Justiça Eleitoral.
As conexões políticas do grupo não se restringem ao município de Presidente Figueiredo. A empresa Saraiva Comércio de Confecção Ltda, vinculada ao terceiro preso, Erick Pinto Saraiva, recebeu R$ 64 mil da campanha do prefeito eleito de Itacoatiara (AM), Mario Jorge Bouez Abrahim, nas eleições de 2024.
A mesma empresa também foi contemplada com repasse de R$ 29.520 da Direção Municipal/Comissão Provisória do partido Republicanos em Itacoatiara.
Auxílio emergencial
Conforme a coluna divulgou, os três presos também foram beneficiários de programas assistenciais do Governo Federal. César de Jesus recebeu R$ 4,9 mil do Auxílio Emergencial, enquanto Erick Pinto Saraiva foi contemplado com R$ 5,2 mil, dos quais devolveu R$ 3 mil aos cofres públicos.
Prisão
A prisão em flagrante ocorreu na terça-feira (20/5), quando agentes da Polícia Federal abordaram os suspeitos durante fiscalização de rotina no desembarque de um voo procedente de Manaus.
Questionados sobre a origem do dinheiro, eles alegaram ser proprietários de empresas que prestam serviços a prefeituras, incluindo a de Manaus, e que o montante seria proveniente de pagamentos realizados por esses órgãos públicos.
Chamou atenção dos investigadores a coincidência da viagem com a realização de um encontro nacional de prefeitos em Brasília. A Justiça do Distrito Federal converteu a prisão em flagrante em preventiva, justificando a decisão pela gravidade dos fatos e pelos fortes indícios de que o dinheiro poderia ter origem ilícita.
Na decisão, o magistrado ressaltou “a gravidade e repercussão social negativa das condutas, sobretudo, considerando os graves e irreparáveis abalos gerados à ordem pública e econômica”.