A Rússia prepara uma lista separada de condições para um possível cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia, segundo afirmou nesta terça-feira (21/5) o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. A informação foi dada durante conversa com a imprensa em Moscou.
“Não vou lhe dizer nada com certeza neste momento. Sem dúvida, haverá uma lista separada de condições para um cessar-fogo. Um acordo sobre isso foi alcançado em Istambul”, declarou Peskov, ao ser questionado se o plano seria parte de um futuro memorando de paz ou um documento autônomo.
A menção à cidade turca remete às rodadas de negociações que ocorreram entre delegações russa e ucraniana na última semana. Em 2022, o governo turco já havia sediado alguns diálogos, durante raro momento em que houve avanços diplomáticos. À época, esboços de propostas chegaram a ser discutidos, mas as tratativas fracassaram pouco depois, com acusações mútuas de má-fé e violações.
Ainda no início da semana, o telefonema entre o líder russo, Vladimir Putin, e o presidente norte-americano, Donald Trump, deu um novo início à rodada de negociações para um possível cessar-fogo na guerra que perdura três anos no leste-europeu.
Durante a conversa, Putin propôs a elaboração de um memorando com pontos-chave para um possível tratado de paz. A proposta incluiria os princípios de uma solução negociada, o momento adequado para a implementação e a possibilidade de um cessar-fogo temporário, caso haja consenso entre as partes.
Mesmo diante da declaração de Peskov, o governo russo ainda não divulgou publicamente o conteúdo nem os termos dessa possível lista de condições. Kiev não se manifestou diante da “proposta”.
Até o momento, a Ucrânia mantém a exigência de retirada completa das tropas russas do território como pré-condição para qualquer negociação. Moscou insiste no reconhecimento de áreas ocupadas como parte da Federação Russa, algo rejeitado por boa parte de parceiros internacionais.
Sanções anti-Rússia
Nesta segunda (20/5), a União Europeia (UE) e o Reino Unido anunciaram novos pacotes de sanções contra a Rússia, reforçando a pressão sobre Moscou em meio à guerra na Ucrânia. As medidas foram adotadas independentemente dos Estados Unidos, após uma ligação entre Trump e Putin não resultar em avanços concretos para um cessar-fogo.
Friedrich Merz, chanceler da Alemanha, havia declarado que a Europa e os Estados Unidos seguirão apoiando “de perto a Ucrânia em seu caminho para um cessar-fogo” .
No início de maio, líderes europeus viajaram juntos para Kiev e afirmaram que novas sanções contra o Kremlin estavam prontas para serem aplicadas.