Bolsonarista não assina CPI do INSS para preservar cunhada

Brasília – Em mais uma cena de bastidor que escancara o oportunismo político da extrema-direita, Eudócia Caldas (PL-AL), aliada de Jair Bolsonaro, decidiu não assinar a CPMI do INSS.

O motivo? Blindar sua cunhada, Maria Marluce Caldas, que disputa uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Eudócia, que também é mãe do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, tenta evitar qualquer desgaste que possa melar a indicação de sua parente ao STJ.

Enquanto o Brasil exige respostas para os bilhões desviados da Previdência, a senadora bolsonarista escolheu o silêncio conveniente — típico de quem prefere o compadrio à transparência.


Ignora o escândalo, protege a família

A omissão de Eudócia Caldas chama ainda mais atenção porque ela foi a única senadora do PL a se recusar a assinar o pedido da CPI, protocolado por Damares Alves (Republicanos-DF) e Coronel Fernanda (PL-MT). O requerimento já conta com 223 deputados e 36 senadores — ou seja, o apoio mínimo já foi ultrapassado, e a investigação deve sair do papel.

Enquanto isso, Maria Marluce Caldas, procuradora do MP, aparece em uma das listas tríplices enviadas ao presidente Lula para ocupar uma das duas vagas abertas no STJ. A lista ainda inclui nomes como Carlos Frederico Santos, atual responsável por denunciar Bolsonaro no caso das joias sauditas.


Direita tenta capitalizar, mas CPI deve expor falcatruas de 2019

Apesar da relutância de Eudócia, a extrema-direita finge indignação com um escândalo que começou ainda no governo Bolsonaro. A narrativa, claro, é distorcida. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) chegou ao cúmulo de chamar o caso de “o maior escândalo da história do Brasil”, ignorando o fato de que os desvios começaram em 2019.

Até aqui, a investigação já derrubou o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e o ministro da Previdência, Carlos Lupi. O governo Lula, agora, quer ampliar o alcance da CPI e incluir também irregularidades cometidas durante os governos Temer e Bolsonaro — algo que, obviamente, incomoda os que têm rabo preso.


Parlamentares progressistas querem investigação sem maquiagem

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi direto: “O Parlamento não pode se omitir diante de milhões de brasileiros que confiaram no Estado”. Já Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou que foi só com Lula que a apuração deslanchou: “Os culpados começaram a cair”.

A CPMI do INSS pode, enfim, escancarar as vísceras de um sistema fraudulento que se consolidou sob silêncio cúmplice e má gestão. E, como sempre, enquanto uns trabalham para esclarecer, outros — como Eudócia — preferem proteger a própria família e manter os podres longe dos holofotes.

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