O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), disse que não é possível cravar uma redução nos preços da carne de frango nas gôndolas dos mercados brasileiros, após o registro do primeiro caso ativo de gripe aviária no Brasil, identificado na cidade de Montenegro (RS).
Até o momento, ao menos China, União Europeia, Argentina, Chile, Uruguai, México, Canadá, África do Sul, Coreia do Sul e Japão suspenderam as compras total ou parcialmente.
Os protocolos internacionais estabelecem o prazo de 28 dias sem nenhum outro caso ativo para que se possa ter o início da liberação dos mercados. Conforme o acordo comercial com cada país, há características específicas. Por exemplo, o governo tem trabalhado por uma regionalização do isolamento, circunscrito ao Rio Grande do Sul. O Japão só não está comprando dos municípios do entorno.
“Pode ser que a gente não tenha impacto direto na gôndola de redução de preço, até por uma autorregulação do mercado dos produtos que estarão disponíveis”, disse Lupion ao Metrópoles. Ele explicou que boa parte das exportações para a China são de pé de frango, cujo consumo é baixo no Brasil, e lembrou que os ovos destruídos na granja de Montenegro não eram para consumo humano, mas sim férteis, para a reprodução de frango.
O parlamentar ainda ressaltou que o ciclo do frango (da saída da granja até o consumo humano) é muito rápido. “Então, isso pode ter um espaço de tempo muito curto que não dê tempo de ter impacto direto para o consumidor final. Mas óbvio que se há mais oferta, a tendência é que haja melhores preços”.
Ele ainda frisou que essas questões de preço vão depender do escoamento dos produtos que seriam vendidos para outros países. “Só o tempo dirá”.
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Ele frisou que o Brasil havia conseguido evitar casos ativos até então, o que acabou acontecendo provavelmente em função de aves migratórias. “Nossos principais concorrentes convivem com a gripe aviária, com a influenza aviária há mais de 20 anos”, ressaltou.
“Nossa reputação continua em alta, continua boa”, avaliou Lupion, completando que há expectativa de que nos próximos 28 a 30 dias haja liberações de mercados importantes.
Segundo o líder da bancada do agro, 40% do total da proteína de frango consumida no mundo sai do Brasil. “O que está afetado agora não chega a 17% disso”.
Ele ainda destacou que não há risco de contágio com humanos nem problema no consumo da carne de frango e de ovos.
Entenda o que é a gripe aviária
- Também conhecida como influenza aviária, a H5N1 é uma doença viral altamente contagiosa que afeta, principalmente, aves silvestres e domésticas, mas também pode acometer humanos, no entanto, com um baixo risco.
- Entre os principais sintomas apresentados nas aves, estão dificuldade respiratória, secreção nasal ou ocular, espirros, incoordenação motora, torcicolo, diarreia e alta mortalidade.
- Todas as suspeitas de gripe aviária, que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves, devem ser notificadas imediatamente à Secretaria da Agricultura por meio da Inspetoria de Defesa Agropecuária.
Além do caso em Montenegro, na região Metropolitana de Porto Alegre, são investigados três casos suspeitos de gripe aviária pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O caso mais recente envolve uma galinha doméstica criada em uma propriedade de subsistência no município de Gaurama, no norte do Rio Grande do Sul. Há ainda registros em Triunfo (galinhas domésticas) e Derrubadas (ave silvestre), também no RS. Uma investigação anterior em Estância Velha, no mesmo estado, foi descartada
Outras ocorrências em análise incluem:
- Ipumirim (SC): aves de criação comercial;
- Garopaba (SC): ave silvestre;
- Salitre (CE): galinhas domésticas;
- Aguiarnópolis (TO): atividade comercial;
- Eldorado do Carajás (PA): galinhas domésticas;
Segundo o Mapa, casos envolvendo aves domésticas ou silvestres não afetam as exportações brasileiras, mas representam risco para a disseminação do vírus, especialmente para a produção comercial.